Download Monografia - Tag Cultural
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que demonstra a enorme necessidade de apoio dos órfãos é quando o autor diz que “às<br />
vezes o simples fato de você dizer que detesta alguma coisa e ter alguém que concorda<br />
com você pode ajudá-lo a superar uma situação horrível” (SNICKET, Vol. 1: 35-36).<br />
"Bom dia, crianças", disse o Sr. Poe. "(...) encontrar um novo lar para vocês foi uma tarefa um<br />
tanto aborrecida. (...) Fiz telefonemas para uma porção de parentes distantes de vocês, mas<br />
todos eles ouviram falar das coisas terríveis que tendem a acontecer onde quer que vocês se<br />
encontrem. É compreensível, eles ficam desassossegados demais por causa do conde Olaf para<br />
concordar em tomar conta de vocês. 'Desassossegado', aliás, quer dizer 'nervoso'. Há mais<br />
uma..."<br />
Um dos três telefones em cima da mesa do Sr. Poe interrompeu-o com um toque estridente e<br />
feio. "Com licença", disse o banqueiro às crianças, e começou a falar ao telefone. "Aqui é Poe.<br />
OK. OK. OK. Foi o que eu pensei. OK. OK. Obrigado, Sr. Fagin." O Sr. Poe desligou o<br />
telefone e fez uma marca em um dos papéis sobre a sua escrivaninha. "Era um primo de vocês<br />
em décimo nono grau", disse o Sr. Poe, "e a minha última esperança. Achei que poderia<br />
persuadi-lo a ficar com vocês, só por uns poucos meses, mas ele recusou. Não posso culpá-lo.<br />
Receio que a reputação de vocês como encrenqueiros esteja arruinando até mesmo a reputação<br />
do meu banco.” (SNICKET, Vol. 7: 16-17)<br />
O descaso para com os Baudelaire não se trata apenas de uma falta de atenção ou<br />
afeto, uma vez que muitos dos adultos que deveriam ter um pouco mais de<br />
responsabilidade sobre suas vidas pouco parecem se importar, o que é notado quando<br />
Bruce diz: “Seja lá aonde quer que vocês sejam enviados” (SNICKET, Vol. 2: 174)<br />
após a morte do tio Montgomery (tutor dos Baudelaire no vol. 2), mas se trata também<br />
da própria recusa em dar ouvidos aos apelos das crianças, como o Sr. Poe, que não quer<br />
ouvir sua versão dos fatos envolvendo a morte de Montgomery (SNICKET, Vol. 2: 130-<br />
131) e menosprezando, portanto, sua opinião. Os Baudelaire, já no terceiro volume, se<br />
decepcionam ao constatar que sua segurança não era uma prioridade para os adultos<br />
(SNICKET, Vol. 3: 136), após testemunharem o ato covarde de sua tia Josephine.<br />
Lidar com a morte de alguém também é complicado, sobretudo para uma<br />
criança. E Snicket explora este assunto:<br />
É uma coisa curiosa, a morte de um ente querido. Todos nós sabemos que nosso tempo neste<br />
mundo é limitado, e que eventualmente todos nós acabaremos embaixo de algum lençol para<br />
nunca mais despertar. E no entanto é sempre uma surpresa quando isso acontece com alguém<br />
que conhecemos. É como subir as escadas para o nosso quarto no escuro e pensar que há um<br />
degrau a mais do que de fato existe. Seu pé cai pelo ar e há um momento doentio de sombria<br />
surpresa, enquanto você tenta reajustar o modo como pensa nas coisas. (SNICKET, 2009: 117)<br />
Em situações mais desagradáveis, as crianças têm que lidar com o alcoolismo<br />
dos adultos e a agressão oriunda destes. “O Conde Olaf pegara uma garrafa de vinho<br />
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