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trecho a seguir –, embora seus interlocutores não entendam mais do que grunhidos –<br />

Olaf chega a comparar sua fala à de um macaco no primeiro livro.<br />

Disse Klaus melancolicamente, “nem sequer sabemos o que o conde Olaf pretende fazer.”<br />

“Bem, vamos tentar tirar isso a limpo”, disse Violet, usando uma expressão que aqui significa<br />

“esmiuçar uma questão, discutindo-a e analisando-a até compreendê-la inteiramente”. “O<br />

conde Olaf, sob o falso nome de Stephano, veio para essa casa disfarçado e é evidente que está<br />

atrás da fortuna dos Baudelaire.”<br />

“E”, continuou Klaus, “uma vez que se apodere dela, planeja matar-nos.”<br />

“Tadu”, murmurou Sunny solenemente, com a provável intenção de significar algo como<br />

“Estamos metidos numa encrenca dos diabos.” (SNICKET, Vol. 2: 83)<br />

É a própria fala de Sunny que ajuda o autor a fazer referências simbólicas à<br />

cultura da tradição ocidental, ao referir-se a contos tradicionais infantis. Na segunda<br />

metade da série, por exemplo, quando Sunny está separada de seus irmãos por ter sido<br />

raptada pela gangue de Olaf, a caçula dos Baudelaire torna-se mão-de-obra escrava para<br />

seus malfeitores. Tão logo é encontrada pelos irmãos, que lhe perguntam como tem<br />

passado, ela – que a essa altura da série já possui um vocabulário mais lógico, apesar de<br />

não formar frases – resume tudo o que passou com uma única palavra: “Cinderela!”. No<br />

trecho a seguir, Violet e Quigley acabam de encontrar Sunny na montanha:<br />

"Arigatô”, disse Sunny, o que queria dizer alguma coisa parecida com: “Apreciamos a sua<br />

ajuda, Quigley”.<br />

“Foi você quem enviou um sinal para nós?”, perguntou ele.<br />

“Eu”, disse Sunny. “Lox”<br />

“O conde Olaf andou obrigando você a preparar a comida?”, perguntou Violet, perplexa.<br />

“Carmiga sopratudo”, disse Sunny.<br />

“Olaf a obrigou até a limpar as migalhas do carro”, traduziu Violet para Quigley.<br />

“Isso é ridículo!”, disse Quigley.<br />

“Cinderela”, disse Sunny. Ela queria dizer algo do gênero de: “Tive de fazer todas as tarefas<br />

domésticas e fui humilhada o tempo todo”, mas Violet não teve tempo de traduzir, pois a voz<br />

rascante do conde Olaf soou.<br />

“Onde está você, Bebelaire?”, perguntou ele, somando um apelido absurdo à sua lista de<br />

insultos. “Tenho tarefas para você.”<br />

As três crianças se entreolharam em pânico. “Escondesconde”, sussurrou Sunny, e nem foi<br />

preciso traduzir. (SNICKET, Vol. 10: 184)<br />

Cinderela, mais do que personagem da cultura oral popular anglo-saxã na Idade<br />

Média – e depois da cultura escrita, por ter sido imortalizada pelo texto dos irmãos<br />

Grimm –, faz parte do imaginário coletivo ocidental, devido à universalização dos<br />

contos de Grimm, e é um dos itens da cultura de massa. Por “Cinderela”, mesmo que<br />

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