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A conduta de prazer estético, que á ao mesmo tempo liberação de e liberação para realiza-se<br />

por meio de três funções: para a consciência produtora, pela criação do mundo como sua<br />

própria obra (poiesis); para a consciência receptora, pela possibilidade de renovar a sua<br />

percepção, tanto na realidade externa, quanto da interna (aisthesis); e, por fim, para que a<br />

experiência subjetiva se transforme em inter-subjetiva, pela anuência ao juízo exigido pela<br />

obra, ou pela identificação com normas de ação predeterminadas e a serem explicitadas. (...)<br />

(...) As três categorias básicas da experiência estética, poiesis, aisthesis e katharsis não devem<br />

ser vistas numa hierarquia de camadas, mas sim como uma relação de funções autônomas: não<br />

se subordinam umas às outras, mas podem estabelecer relações de sequência. Em face de sua<br />

própria obra, o criador pode assumir o papel de observador ou de leitor; sentirá então a<br />

mudança de sua atitude, ao passar da poiesis para a aisthesis, diante da contradição de não<br />

poder, ao mesmo tempo, produzir e receber, escrever e ler. (JAUSS,2001: 81)<br />

Ele também discute a adesão do juízo de gosto do indivíduo a um juízo lógico<br />

universal, por este apresentar razões, uma vez que cada indivíduo espera um acordo dos<br />

outros.<br />

O expectador pode ser afetado pelo que se representa, identificar-se com as pessoas em ação,<br />

dar assim livre curso às próprias paixões despertadas e sentir-se aliviado por sua descarga<br />

prazeirosa, como se participasse de uma cura (katharsis). Esta descoberta e justificação do<br />

prazer catártico (...) nos deu a única resposta até hoje convincente sobre a questão de por que a<br />

contemplação do mais trágico acontecimento nos causa o mais profundo prazer. (JAUSS,<br />

2001: 65).<br />

Esta afirmação pode responder à pergunta “Por que ler as Desventuras em<br />

Série?”. Se a própria capa do livro sugere que só desgraças acontecerão e que a leitura<br />

não será de todo modo agradável, por que então o leitor prossegue sua leitura? Será<br />

mesmo prazeroso ler sobre tragédias alheias? Jauss responde:<br />

O expectador no teatro ou o leitor de romances pode “gozar-se como uma figura importante se<br />

entregar de peito aberto a emoções normalmente recalcadas”, pois o seu prazer tem “por<br />

pressuposto a ilusão estética, ou seja, o alívio da dor pela segurança de que, em primeiro lugar,<br />

de que se trata apenas de um outro que age e sofre, na cena, e, em segundo lugar, de que se<br />

trata apenas de um jogo, que não pode causar dano algum à nossa segurança pessoal”. Deste<br />

modo, o prazer estético da identificação possibilita participarmos de experiências alheias.<br />

(JAUSS, 2001: 78)<br />

Ainda segundo Jauss, para analisar a experiência do leitor ou de uma “sociedade<br />

de leitores” de um determinado tempo histórico, torna-se necessário diferenciar, colocar<br />

e estabelecer a comunicação entre os dois lados da relação texto e leitor.<br />

Ou seja, entre o efeito, como o momento condicionado pelo texto, e a recepção, como o<br />

momento condicionado pelo destinatário, para a concretização do sentido como duplo<br />

horizonte – o interno ao literário, implicado pela obra, e o mundivivencial, trazido pelo leitor<br />

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