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jornalista Sra. Morrow, colunista do jornal “O Pundonor Diário”, lido pelas<br />

personagens, alardeia fatos comuns, fazendo com que cada notícia se transforme num<br />

verdadeiro espetáculo. A própria Juíza Strauss, no primeiro livro, ao ser convidada para<br />

integrar o elenco da peça de Olaf, diz: “Sempre quis subir no palco, desde garotinha”<br />

(SNICKET, vol. 1: 80). José Aloise Bahia 17 diz a respeito do trabalho de Guy Debord:<br />

Esta nova sociedade do espetáculo e desinformação, de acordo com o autor, é o universo,<br />

onde tudo é possível. Um grande carnaval caracterizado pelo desaparecimento de critérios de<br />

verdade e validade, que antes eram referenciados em atitudes e funções específicas<br />

desempenhadas no mundo do trabalho. Neste contexto, por exemplo, um médico pode ser<br />

cantor e ator ao mesmo tempo, e aparecer na televisão defendendo o uso de determinado<br />

produto, marca ou remédio de ponta, de determinado laboratório, como sendo o mais eficaz<br />

contra determinada doença, fratura ou inflamação. Bem como pode aparecer também em<br />

programas de auditório e novelas, garantindo e corroborando o status científico, e a noção do<br />

bom e do belo, do asséptico e o efeito dourado de bem-estar do produto para a saúde dos<br />

consumidores e cidadãos. Este seria um outro novo aspecto que alimenta e afirma que o<br />

espetáculo não pode parar, e que todos podem um dia ter a possibilidade, nem que seja em 15<br />

minutos de fama, de se tornarem artistas e aparecer na televisão. (BAHIA: 2005)<br />

Debord (1997) discute a reestruturação de fenômenos cotidianos (julgamentos,<br />

cirurgias, casamentos) em espetáculos que atiçam as massas e confundem a opinião<br />

pública. No caso da obra de Snicket, isso se exemplifica quando, por exemplo, Violet é<br />

forçada a se casar com Olaf sob disfarce de uma encenação em Mau Começo, quando<br />

os Baudelaire se tornam inimigos públicos por causa do tablóide O Pundonor Diário e<br />

vão a julgamento ou quando a mais velha dos três é quase submetida a uma cirurgia<br />

inédita que tornou-se espetáculo para a classe científica (atraindo, inclusive, a atenção<br />

da jornalista do tablóide).<br />

O poder do espetáculo, tão essencialmente unitário, centralizador pela força das coisas e de<br />

espírito perfeitamente despótico, costuma ficar indignado quando vê constituir-se, sob seu<br />

reino, uma política-espetáculo, uma justiça-espetáculo, uma medicina-espetáculo, ou outros<br />

tantos surpreendentes “excessos midiáticos”. (DEBORD, 1997: 171)<br />

Ainda em relação à filosofia, há uma menção não-nominativa a Nietzsche no<br />

volume 10, muito irônica, por sinal:<br />

"Quando eu estava olhando para dentro do buraco", disse Klaus mansamente, "lembrei de um<br />

livro escrito por um filósofo famoso. Ele disse: 'Quem enfrenta monstros deve cuidar para que,<br />

no processo, não se transforme em monstro também. Quando você olha longamente para o<br />

abismo, o abismo também olha para você'." Klaus olhou para a irmã, depois para Esmé, que já<br />

17 Jornalista, pesquisador e escritor.<br />

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