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6. A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E DO EFEITO E O HORIZONTE DE<br />

EXPECTATIVA<br />

Para poder demonstrar a importância da estética de Lemony Snicket torna-se<br />

imprescindível para esta pesquisa explorar o campo da teoria da informação que<br />

abrange a estética da recepção e do efeito. A estética da recepção, por mais que possa<br />

parecer empírica, é devidamente teorizada.<br />

A recepção abrange cada uma das atividades que se desencadeia no receptor por meio do texto,<br />

desde a simples compreensão até a diversidade das reações por ela provocadas – que incluem<br />

tanto o fechamento de um livro, como o ato de decorá-lo, de copiá-lo, de presenteá-lo, de<br />

escrever uma crítica ou ainda o de pegar um papelão, transformá-lo em viseira e montar a<br />

cavalo. (STIERLE, 2001: 135-136)<br />

O que podemos depreender a respeito do leitor? Como ele recebe e percebe uma<br />

obra? A obra produz, de fato, algum efeito no leitor? E quais efeitos seriam esses?<br />

Podemos colocar os leitores em duas categorias: o leitor estético (de arte) e o leitor best-<br />

seller (de consumo ou de massa).<br />

A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma<br />

estilização formal, que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os<br />

sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à realidade natural ou social, e um<br />

elemento de manipulação técnica, indispensável à sua configuração, e implicando uma atitude<br />

de gratuidade. Gratuidade tanto do criador, no momento de sentir e apreciar. Isto ocorre em<br />

qualquer tipo de arte, primitiva ou civilizada. (CANDIDO, 1985: 53)<br />

O leitor estético é o que quer arte, e que não quer esquemas simples, repetitivos,<br />

gastos, do tipo “entendi tudo ao final”. Esse lado simplista e esquemático é a razão da<br />

enorme popularidade e massificação das telenovelas. A ponto de existir pessoas que<br />

acreditem que as novelas de TV são histórias reais. Obras esquemáticas são mais fáceis<br />

para o leitor decodificar, mas tornam-se previsíveis. A língua é esquemática mesmo,<br />

qualquer linguagem é esquemática. Quanto mais a palavra – o signo –, está na<br />

construção de uma estrutura oracional, ou uma estrutura fílmica de maneira discreta,<br />

sem ser problematizado, os esquemas ficam fáceis. E o leitor é enganado, uma vez que é<br />

ele quem está decodificando, embora tenha sido o autor que elaborou aquele esquema<br />

de maneira ao previsível, apesar de cheia de efeitos e apelos, que o leitor se encanta e<br />

não percebe que está lendo a mesma coisa que já foi mostrada diversas outras vezes.<br />

Confirmou-se que a literatura de consumo não é determinável sem referência à função estética<br />

e social da literatura “elevada”. (JAUSS, 2001: 50)<br />

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