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Machinapolis e a Caosmologia <strong>do</strong> Ser 106<br />
Em resumo, pode-se dizer que o movimento intuitivo dá-se da seguinte<br />
forma: <strong>do</strong> misto às diferenças de natureza ou presenças puras, voltan<strong>do</strong> por fim<br />
às articulações <strong>do</strong>s mistos, agora com uma razão distinta da que se encontrava<br />
no ponto comum de partida, constituin<strong>do</strong> ao final uma imagem virtual<br />
resultante da análise. Essa espécie de dualismo, por conseguinte, é tão apenas<br />
um momento que deve logo convergir na re-formação de um monismo – que<br />
9<br />
afinal podemos chamar de méto<strong>do</strong> de intersecção .<br />
Entretanto, uma terceira regra <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> intuitivo nos encaminha<br />
para pensar os problemas mais em torno da durée <strong>do</strong> que da extensão, mais<br />
em função <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> que <strong>do</strong> espaço. Isto se justifica na teoria<br />
bergsoniana pelo fato de que a extensão enquanto objetidade pura se dá e<br />
varia apenas com diferenças quantitativas, em uma extensão com variações<br />
de graus em relação à homogeneidade quantitativa que a caracteriza.<br />
Diversamente, a intuição de que se vale essa filosofia consiste em pensar<br />
10<br />
problemáticas em termos de duração, pois ela própria supõe a durée . E é<br />
com relação à durée, que encontramos a realidade que se distingue sempre<br />
uma de outra em seu reino pela diferença de natureza, pois ela não pode ser<br />
concebida sem a capacidade característica de poder diferir<br />
11<br />
qualitativamente em relação a si mesma .<br />
*<br />
As cosmologias enquanto tradições culturais da espécie se diluem e<br />
são pulverizadas pelo pleno funcionamento Machinapura, desde a<br />
autonomização recente das máquinas entrópicas constituintes da<br />
12<br />
Machinapolis . Somente ao distinguirmos as diferenças de natureza entre a<br />
Machinapura e a própria vida, é que decerto saberemos as proporções das<br />
produções e destruições ocasionadas no seio <strong>do</strong> processo civilizatório<br />
humanitário. Será por meio desses movimentos <strong>do</strong> pensamento,<br />
impulsiona<strong>do</strong>s pela intuição cria<strong>do</strong>ra, que pretendemos estudar as<br />
articulações da Machinapura com a vida e suas imbricações recíprocas.<br />
Elos que vão de uma ponta a outra sem deixar que um só instante da durée<br />
não seja afeta<strong>do</strong>. As conclusões advindas dessas investigações trarão da<strong>do</strong>s<br />
que poderão orientar demais problemáticas, umas puxan<strong>do</strong> outras, na<br />
busca da compreensão das articulações <strong>do</strong> real considera<strong>do</strong> como<br />
multiplicidade, e de como a entropia produzida pelo homem moderno, em<br />
sua práxis empregada na matéria, pode – ao inverter essa práxis – mudar a<br />
disposição das forças sociais e um relativo equilíbrio garanti<strong>do</strong> pelas<br />
culturas que constituíam até então a dinâmica da existência humana<br />
enquanto cosmologia.