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Machinapolis e a Caosmologia <strong>do</strong> Ser 192<br />

logo a televisão, os computa<strong>do</strong>res – alia<strong>do</strong>s às guitarras, aos microfones,<br />

aos equipamentos de ruí<strong>do</strong>s, às maquinações sensoriais de to<strong>do</strong>s os tipos –,<br />

tu<strong>do</strong> isso combinan<strong>do</strong> com os corpos fragmenta<strong>do</strong>s, organiza<strong>do</strong>s e<br />

<strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>s pelo trabalho explora<strong>do</strong>, fizeram <strong>do</strong> valor tradicional da arte – e<br />

de sua beleza ritualística, que fora até então capaz de <strong>do</strong>tar cada momento<br />

de um instante aurático único perante a obra-prima – um mero<br />

acontecimento casual: toda a existência diluída numa massa enormemente<br />

crescente de reproduções técnicas e tecnológicas. O 'museu imaginário' de<br />

11<br />

que fala Malraux ilustra muito bem aquele impulso nascente .<br />

As belas artes se inseriam em um novo ambiente de apreciação.<br />

Suas cores e inquietações mais autênticas se viram tiradas de seu repouso<br />

tradicional e logo adaptadas ao novo ritmo da velocidade moderna, em<br />

constante aceleração. O valor da obra de arte fora transposto para o<br />

momento fugaz, expositivo e descontextualiza<strong>do</strong> numa efemeridade<br />

cambiante e imprecisa, embotan<strong>do</strong> desta maneira toda a ritualística na qual<br />

se encontrava cada objeto aurático, no âmbito de uma tradição que se<br />

perdera desde então. E assim, o valor de exposição veio sobrepujar e mesmo<br />

vencer pelas novas técnicas de reprodutibilidade as cenas de presença<br />

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cosmológica, eminentemente auráticas .<br />

Entretanto, esse foi apenas um <strong>do</strong>s vetores que perpassaram a arte,<br />

o que parte <strong>do</strong> ambiente da tradição e se desloca em direção à destruição da<br />

aura. Um outro caminho toma<strong>do</strong> pela arte moderna, diferentemente, veio<br />

fazer <strong>do</strong> devir o propósito da práxis artística. Obviamente que o devir<br />

perante uma obra clássica da tradição das belas-artes era e ainda o é solene<br />

13<br />

em chamas de algo infinitamente distante . Porém, o devir das obras de<br />

arte de tons modernistas chamadas por alguns de efêmeras, passa a ser a<br />

matéria mesma que consubstancia a obra.<br />

Nas performances ou ações, nos happenings, nas intervenções, na<br />

arte conceitual e mesmo na arte filosófica, muitas são as obras primas que<br />

mantêm a aura e sua magia em pleno devir, ou antes, que fazem <strong>do</strong> devir<br />

mesmo algo que excede em excelência a vida quotidiana, chegan<strong>do</strong> muitas<br />

vezes ao intempestivo fluxus que rasga o véu incorporan<strong>do</strong> as forças às<br />

formas evocadas. São as situações, o corpo e o devir no acontecimento que<br />

passa e não retorna, único e autêntico, que constituem a ambiência vital<br />

14<br />

emana<strong>do</strong>ra de uma arte vivaz . Instantes que não duram como as obras<br />

clássicas, mas que encontram sua plenitude na situação mesma em que a<br />

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arte cria a vida e lhe dá um senti<strong>do</strong> sensível e supra-sensível .<br />

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