Download do livro - cchla - UFRN
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como um fractal e mesmo converter-se em uma parte de conjunto ou de<br />
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série, de réplica e repetição indefinida . – Essa nos parece uma concepção<br />
a partir da qual vemos variega<strong>do</strong>s processos inseri<strong>do</strong>s em um caos<br />
imensamente crescente e veloz, no qual as ordens se fractalizam à medida<br />
que a realidade se fragmenta.<br />
*<br />
A etnografia se firmou enquanto méto<strong>do</strong> antropológico de pesquisa<br />
desde os primórdios da disciplina e continua em vigor até nos dias de hoje,<br />
sen<strong>do</strong> usada como recurso eficaz para muitos casos. Todavia, ao ser<br />
aplicada em estu<strong>do</strong>s dedica<strong>do</strong>s à civilização, como podemos já de antemão<br />
perceber, esse méto<strong>do</strong> é tão somente capaz de realizar a descrição de uma<br />
realidade puramente parcelar ou estrutural fragmentária.<br />
Entendemos que a importância da descrição é legitima enquanto um<br />
recurso meto<strong>do</strong>lógico de análise fenomenológica. Porém, sua limitação nos<br />
leva à inquietação <strong>do</strong> pensamento que deseja ultrapassar a experiência em<br />
direção aos estu<strong>do</strong>s de suas condições e possibilidades, orientan<strong>do</strong>-os à<br />
investigação das vivências e das dinâmicas entrópicas que as realizam.<br />
Portanto, em relação aos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s processos civilizatórios, trata-se não<br />
apenas de uma mera descrição, em parte relevante, porém ainda mais<br />
fundamental afigura-se-nos um aprofundamento concernente ao<br />
inconsciente entrópico da totalidade social desfigurada, nas condições atuais.<br />
Com efeito, reconhecer a fragmentação da existência social e suas<br />
peripécias não nega em absoluto a existência de fatos abrangentes em<br />
extensão e conseqüências. Na sociedade que se integra pela primeira vez<br />
enquanto espécie humana em âmbito planetário, deve haver algo que<br />
perpassa toda uma diversidade entrópica vivenciada: precisamente o que<br />
chamamos de fatos globais. Portanto, o primeiro passo a ser da<strong>do</strong> nos<br />
estu<strong>do</strong>s da Machinapolis como corpo pleno da civilização contemporânea<br />
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tende a ser a construção <strong>do</strong>s conceitos de vivência e de fato global .<br />
Vemos então se materializarem, ante nossas idéias, várias<br />
questões: o que vem a ser ou como podemos caracterizar um fato global,<br />
sen<strong>do</strong> que esse fato deve manifestar um elo, mínimo que seja, com a<br />
totalidade de uma sociedade de ordens fractalizadas em uma realidade<br />
materialmente fragmentada e em constante transformação? Como<br />
podemos compreender os acontecimentos globais na contemporaneidade?<br />
Ou antes, não será melhor perguntar quais podem ser os fatos globais e<br />
como vieram a se efetivar?<br />
Lucas Fortunato | Edson Gonçalves Filho | Lisandro Loreto 125