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Machinapolis e a Caosmologia <strong>do</strong> Ser 282<br />
outra e de cunho menor, a qual lhes oferece a oportunidade de afirmar a vida<br />
vencen<strong>do</strong> a força tenebrosa da psicopatologia promovida pelo nihilismo<br />
25<br />
hegemônico em nossa época .<br />
A revolta poética da vida realiza-se também molecularmente nas<br />
relações das forças <strong>do</strong>bradas sobre si mesmas, tecidas e exercidas por sobre o<br />
liame de uma linha vital; portanto, realizada por um corpo cria<strong>do</strong>r que não<br />
cessa de <strong>do</strong>brar-se sobre si mesmo, ora traçan<strong>do</strong> limites com os quais lidar,<br />
ora superan<strong>do</strong>-os, para a própria produção de pensamento subjetiva<strong>do</strong> e<br />
objetiva<strong>do</strong> por atos que possibilitem a aparição da singularidade <strong>do</strong> estilo<br />
26<br />
artístico-filosófico cultiva<strong>do</strong> . Sem dúvida, um saber deveras diferencia<strong>do</strong>,<br />
principalmente daquele que podemos chamar de genérico, e por isso, afeito a<br />
dar formas multicoloridas ao imaginário social, como, por exemplo, na<br />
consecução de zonas moleculares de poesiação, em que ocorrem as virtuais<br />
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extrações de linhas fluidas nos devires daí decorrentes .<br />
Digamos, então, que um determina<strong>do</strong> tipo de linha cria<strong>do</strong>ra baseiase<br />
no ato da revolta, quan<strong>do</strong> ela mesma consegue <strong>do</strong>brar sobre si as suas<br />
próprias forças, por meio das quais constituirá mo<strong>do</strong>s de existência autênticos,<br />
menores e inova<strong>do</strong>res, com o que a revolta pode veicular um pensamento que<br />
se metamorfoseia em um estilo artístico-filosófico poli<strong>do</strong> e voraz.<br />
Forças dinamizam forças – eis a fisiologia cósmica que não remete<br />
ao cinismo <strong>do</strong> simulacro edipiano, visualiza<strong>do</strong> pelo joguete político reifica<strong>do</strong><br />
e sobrecodifica<strong>do</strong> nas míticas salvacionistas <strong>do</strong> vir-a-ser e perecer – as<br />
ordens puras de destino maquinaliza<strong>do</strong>. Devi<strong>do</strong> a isso, dizemos que à ação<br />
da revolta subjaz uma subjetivação estendida num campo de forças<br />
amplia<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> ela operada por blocos de intensidades que se elevam ou<br />
baixam, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> contexto micropolítico no qual se encontra. Eis<br />
porque a poesiação, em revolta afirmativa, toma para si a manifestação<br />
artístico-filosófica como expressão micropolítica, agenciada como<br />
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demonstração de um contra-poder atualiza<strong>do</strong> no ato cria<strong>do</strong>r de novos<br />
valores e senti<strong>do</strong>s, ambos imanentes ao processo produtor de um<br />
pensamento nômade e experimental estilisticamente.<br />
A transvaloração da potência na revolta poética apresenta-se como<br />
um contra-poder emergi<strong>do</strong> no liame, na <strong>do</strong>bra <strong>do</strong> corpo-carne que vibra, na<br />
fronteira <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora, nas crises e nas cicatrizes superadas por linhas<br />
vitais que prefiguram para si novos códigos de ética e de estética para a<br />
vida. Assim vem revelar-se a obra multifocal em um turbilhonar corpóreo<br />
relampejante e vivaz, que extrai <strong>do</strong> caos forças ativas para transformá-las<br />
em novas simbologias que são, enfim, faladas e visualizadas, atualizadas