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Machinapolis e a Caosmologia <strong>do</strong> Ser 148<br />
19 “Engenhosa manipulação <strong>do</strong> poder inerente à tecnologia: a intensificação <strong>do</strong> trabalho, a propaganda, o<br />
treinamento de jovens e operários, a organização da burocracia governamental, industrial e partidária – que<br />
juntos constituem os implementos diários <strong>do</strong> terror – seguem diretrizes da maior eficiência tecnológica. (...)<br />
Essas mudanças não são efeito (direto ou deriva<strong>do</strong>) da maquinaria sobre seus usuários ou da produção em<br />
massa sobre seus consumi<strong>do</strong>res; são, antes, eles próprios, fatores determinantes no desenvolvimento da<br />
maquinaria e da produção em massa”. Herbert Marcuse, “Algumas implicações sociais da tecnologia<br />
moderna”, in Tecnologia, guerra e fascismo. São Paulo: Editora da UNESP, 1999, p. 74.<br />
20 “O ideal ascético nasce <strong>do</strong> instinto de cura e proteção de uma vida que degenera, a qual busca manter-se<br />
por to<strong>do</strong>s os meios, e luta por sua existência; indica uma parcial inibição e exaustão fisiológica, que os<br />
instintos de vida mais profun<strong>do</strong>s, permaneci<strong>do</strong>s intactos, incessantemente combatem com novos meios e<br />
invenções. O ideal ascético é um tal meio: ocorre, portanto, exatamente o contrário <strong>do</strong> que acreditam os<br />
a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>res desse ideal – a vida luta nele e através dele com a morte, contra a morte, o ideal ascético é um<br />
artifício para a preservação da vida. Que ele tenha podi<strong>do</strong> dispor e apoderar-se <strong>do</strong>s homens da maneira<br />
como a história ensina, em especial onde se impôs a civilização e <strong>do</strong>mesticação <strong>do</strong> homem, nisto se expressa<br />
uma grande realidade: a condição <strong>do</strong>entia <strong>do</strong> tipo de homem até agora existente, ao menos <strong>do</strong> homem<br />
<strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>; a luta fisiológica <strong>do</strong> homem com a morte (mais precisamente: com o desgosto da vida, com a<br />
exaustão, com o desejo <strong>do</strong> 'fim')”. Friedrich Nietzsche, “O que significam ideais ascéticos?”, § 13, in<br />
Genealogia da moral, p. 109-110.<br />
21 “Se o capitalismo é a verdade universal, é-o no senti<strong>do</strong> em que é o negativo de todas as formações sociais:<br />
ele é a coisa, o inominável, a descodificação generalizada <strong>do</strong>s fluxos que permite compreender a contrario o<br />
segre<strong>do</strong> de todas estas formações [anteriores a ele] (...) o regime de descodificação não significa, de mo<strong>do</strong><br />
algum, ausência de organização, mas a mais lúgubre organização, a mais dura contabilidade, a substituição<br />
<strong>do</strong>s códigos por uma axiomática que os engloba, sempre, a contrario”. Gilles Deleuze e Félix Guattari, O anti-<br />
Édipo: capitalismo e esquizofrenia, p. 158.<br />
22 “O vosso Si Próprio quer perecer e é por isso que vós vos tornastes despreza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> corpo! Pois já não sois<br />
capazes de criar para além de vós próprios. E, por esse motivo, vos encolerizais agora contra a vida e a terra.<br />
No olhar vesgo <strong>do</strong> vosso desprezo, há uma inveja inconsciente”. Friedrich Nietzsche, “Dos despreza<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
corpo”, in Assim falava Zaratustra: um <strong>livro</strong> para to<strong>do</strong>s e para ninguém. Lisboa: Relógio D'água, 1998, p.<br />
40.<br />
23 Termo deriva<strong>do</strong> de pensamentos originalmente elabora<strong>do</strong>s por Albert Einstein e anuncia<strong>do</strong>s desde mea<strong>do</strong>s<br />
da década de 50 <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, em ensaios sobre a aplicação e a apropriação política da teoria da<br />
relatividade geral. O pensa<strong>do</strong>r contemporâneo Paul Virilio, por sua vez, dan<strong>do</strong> prosseguimento a reflexões<br />
sobre temática parecida, desenvolverá os pormenores das conseqüências objetivadas no planeta, muitas<br />
vezes enfatizan<strong>do</strong> os acidentes característicos das novas invenções ditas humanas. Diz-nos Virilio:<br />
“Después de la primera bomba, la bomba atômica susceptible de desintegrar la matéria por la energía de la<br />
radioactividad, surge en este fin de milenio el espectro de la segunda bomba, la bomba informática capaz de<br />
desintegrar la paz de las naciones por la interactividad de la información”. Ver La bomba informática.<br />
Madrid: Ediciones Cátedra, 1999, p. 74.<br />
24 “O novo homem continua sen<strong>do</strong> um ideal, mas agora ele deve ser fabrica<strong>do</strong> no laboratório, em vez de ser<br />
um produto social”. Sérgio Paulo Rouanet, “O homem máquina hoje”, in O homem-máquina: a ciência<br />
manipula o corpo. Adauto Novaes (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 37-63. – Visto que “a<br />
tecnologia, como mo<strong>do</strong> de produção, como a totalidade <strong>do</strong>s instrumentos, dispositivos e invenções que<br />
caracterizam a era da máquina, é assim, ao mesmo tempo, uma forma de organizar e perpetuar (ou<br />
modificar) as relações sociais, uma manifestação <strong>do</strong> pensamento e <strong>do</strong>s padrões de comportamento<br />
<strong>do</strong>minantes, um instrumento de controle e <strong>do</strong>minação”. Assunto trata<strong>do</strong> por Herbert Marcuse, “Algumas<br />
implicações sociais da tecnologia moderna”, in Tecnologia, guerra e fascismo, p. 73.