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vida, pulsão erótica em permanente luta com o deus da morte, como nos<br />

escritos freudianos sobre a civilização.<br />

Contu<strong>do</strong> o que dizer de uma história em que os chama<strong>do</strong>s<br />

humanos debatem-se com a força de vida das máquinas? Uma luta de<br />

morte! Ou falariam nossos agencia<strong>do</strong>res num outro senti<strong>do</strong>, algo pareci<strong>do</strong><br />

como o formula<strong>do</strong> pelo filósofo brasileiro Emmanuel Carneiro-Leão: uma<br />

vida própria <strong>do</strong> pensamento, a vida da vida?<br />

Há uma desfiguração <strong>do</strong> antropos a se anunciar. De que tarefa se<br />

incumbiria o antropólogo cerca<strong>do</strong> da nostalgia <strong>do</strong> velho homem humano,<br />

como nos falaria Guimarães Rosa? Os agencia<strong>do</strong>res da Machinapolis e a<br />

Caosmologia <strong>do</strong> Ser propõem uma antropologia experiencial, talvez uma<br />

espécie de poiética de um novo antropos, construí<strong>do</strong> este como uma curiosa<br />

bricolagem, nos termos de Guattari, meio-animal, meio-homem, meiomáquina.<br />

Criação de restos da história. Uma figura mais para o dionisíaco,<br />

dizemos recorren<strong>do</strong> a Nietzsche, embora que possa estar-se inventan<strong>do</strong> um<br />

novo paradigma, para além de Apolo e até mesmo de Dioniso.<br />

A saída <strong>do</strong> velho humanismo haveria que ser pela inventividade<br />

poética – parecem indicar os agencia<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s. Caso isso não se<br />

dê, pensamos, a antropologia restará diante de um manequim vazio, cuja<br />

sombra é a própria silhueta.<br />

Vislumbramos por entre as linhas da paisagem da Machinapolis o<br />

processo entrópico como parte fundamental de seu senti<strong>do</strong>, como o é da<br />

contemporaneidade mesma. Em face às caóides/textos, tornamo-nos<br />

leitores/especta<strong>do</strong>res erráticos, mesmo que ainda estejamos na ordem <strong>do</strong><br />

saber, de um saber. O que não há é o me<strong>do</strong> de se expor ao imprevisível ou<br />

ao imprevisto.<br />

A nós, como aos antropólogos, abre-se a possibilidade de<br />

experimentar. Divisar nisso uma antropologia filosófica que, para os<br />

agencia<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s, se ocuparia de comparar as sociedades ditas<br />

primitivas e a civilização histórica, no que se refere à Erlebnis (vivência), ou<br />

experiência vivida, segun<strong>do</strong> eles, característica <strong>do</strong> indivíduo solitário. Tal<br />

comparação teria que dar-se mitopoeticamente, já que o tema da solidão é,<br />

sobretu<strong>do</strong>, a meu ver, poético, exige uma atitude de poeta. E se perderia na<br />

noite <strong>do</strong>s tempos.<br />

Parece-me, assim mesmo, um trabalho necessário, até para o<br />

estabelecimento de um campo desconstruinte, tal qual pensaram<br />

lacanianamente os psicanalistas contemporâneos, entre outros teóricos e<br />

pesquisa<strong>do</strong>res (JACCARD, 1989, p. 7):<br />

Lucas Fortunato | Edson Gonçalves Filho | Lisandro Loreto 019

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