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Passan<strong>do</strong> pelas sociedades disciplinares, caracterizadas pela<br />
produção ampliada de aparelhos de captura arquitetônicos, a<br />
equipamentação técnica que edificou as sociedades de controle instaurou<br />
em to<strong>do</strong> o corpo social, civil e militar, variabilidades de tecnologias<br />
cibernéticas, cuja velocidade absoluta desencadeou um salto quântico na<br />
dinâmica global da formação histórica Machinapolis, sintetizan<strong>do</strong> ou<br />
totalizan<strong>do</strong> a produção em fluxo em uma espécie de guerra crescentemente<br />
interiorizada na vida quotidiana como modus vivendi. Nesse ínterim, a<br />
sublimação <strong>do</strong> progresso técnico das máquinas pôde transformar as<br />
relações humanas em meros instrumentos de trabalho e de lazer. Artefatos<br />
de uma guerra suspicaz cujos comportamentos práticos inertes, molda<strong>do</strong>s<br />
pelas redes de <strong>do</strong>minação e controle, fazem <strong>do</strong> corpo vivo e potencialmente<br />
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criativo, um corpo mortifica<strong>do</strong> e destrutivo . A 'bomba informática' ,<br />
emblema dessa sociedade ex-futurística e detonada no pós-guerra, emergiu<br />
seus tentáculos cibernéticos primeiramente nos centros comerciais e<br />
urbanos <strong>do</strong>s países da Europa central, logo após se espalhan<strong>do</strong> pelo globo<br />
terrestre, onde a disseminação explosiva de telas e merca<strong>do</strong>rias derivadas é<br />
um <strong>do</strong>s alvos principais <strong>do</strong> consumo catártico de um rebanho sujeita<strong>do</strong> aos<br />
efeitos de um frenesi societal.<br />
Estamos cientes da coalizão coloniza<strong>do</strong>ra que se deu no 'novo<br />
mun<strong>do</strong>', resulta<strong>do</strong> sistemático de pilhagens, massacres e extermínios de<br />
culturas autóctones latino-americanas, ato que possibilitou posteriormente<br />
um <strong>do</strong>mínio civilizatório unívoco, condição primeira que já sinalizava o<br />
senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vetores de uma cultura em degeneração que fez emergir<br />
Machinapolis em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX enquanto uma potência mundiale.<br />
A fabricação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que antecedeu as guerras humanitárias civis, nesse<br />
cenário, não passa de sínteses de reformas e ajustamentos <strong>do</strong>s corpos<br />
improdutivos arruina<strong>do</strong>s nesse campo de batalha. Um jogo de<br />
ambigüidades múltiplas. Os muros e circuitos de machinapuras expansivas<br />
necessitaram <strong>do</strong> suor, da força, <strong>do</strong> sangue, da carne e da vida no habitat<br />
terrestre, agora imbrica<strong>do</strong>s nas engrenagens sistemáticas de controle<br />
racional, enquadramentos manti<strong>do</strong>s em funcionamento pela têmpera de fé<br />
niilista, diluída nos inúmeros cultos diviniza<strong>do</strong>s pós-destruição de deus. A<br />
luta pela existência nunca se tornou tão tenaz. Eis aqui um novo homem que<br />
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surge no planeta, ou um outro planeta que surge <strong>do</strong> homem .<br />
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Lucas Fortunato | Edson Gonçalves Filho | Lisandro Loreto 145