Download do livro - cchla - UFRN
Download do livro - cchla - UFRN
Download do livro - cchla - UFRN
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Machinapolis e a Caosmologia <strong>do</strong> Ser 236<br />
O Maquinalismo Humano e a Pseu<strong>do</strong>-Cultura Nihilista<br />
*<br />
A descrença nos valores morais da antiguidade, como vontade de<br />
potência das forças sociais, repousa sobre a desarticulação que fez ruir toda<br />
a tradição representativa das narrativas morais <strong>do</strong> antigo mun<strong>do</strong> ocidental<br />
judaico-cristão. A mudança na forma de experienciar e compreender a<br />
história, desde então, passa a ser vista pela ótica <strong>do</strong>s acontecimentos<br />
mundanos e descontínuos que são sorrateiramente desvela<strong>do</strong>s, sob a égide<br />
<strong>do</strong> coman<strong>do</strong> das novas <strong>do</strong>utrinas de saberes que se transmutam em formas<br />
1<br />
de representatividade racional e política da cultura moderna de Esta<strong>do</strong> .<br />
Os abismos entre os seres e as coisas são pulveriza<strong>do</strong>s na medida<br />
em que as verdades da tradição são profanadas por um mun<strong>do</strong> em ruínas e<br />
sem muita finalidade, ten<strong>do</strong> como conseqüências primordiais a destruição<br />
<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> e a depreciação <strong>do</strong>s valores cosmológicos, que a representação<br />
social antiga fazia ressoar em uma resposta concreta da vida por seu valor<br />
referencia<strong>do</strong>.<br />
A pseu<strong>do</strong>-cultura moderna, então, se apresenta ante os 'filósofos <strong>do</strong><br />
futuro' com sua representação pura da moral moderna fragmentada, que se<br />
caracteriza pela adesão ora a um valor, ora a outro e assim por diante sem<br />
2<br />
nunca se deter . Um movimento contínuo e fractal que visa, de forma<br />
genérica, desestabilizar os valores existentes para trazer à luz um novo-<br />
mesmo <strong>do</strong> valor na fraqueza, um pathos político que representa o próprio<br />
3<br />
mal-estar <strong>do</strong> corpo dessocializa<strong>do</strong> .<br />
A ascensão dessa nova moralidade, certamente transfigurada, tão<br />
logo ganha corpo vê-se sorrateiramente instalada em uma espécie de<br />
diagrama de poder disciplinar que se ocupa em dispor a produção de<br />
saberes em redes hierárquicas delimitadas, reproduzidas ao infinito <strong>do</strong><br />
4<br />
porvir . Um salto, uma ruptura epistemolar capaz de fazer da representação<br />
da physis pré-histórica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, um campo de imanência a ser<br />
representa<strong>do</strong> por fragmentos engrena<strong>do</strong>s e dispostos nos dispositivos<br />
tecnológicos <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pelo império da razão utilitária. Uma<br />
transformação que levou o logos racional a ser considera<strong>do</strong> uma simbologia<br />
<strong>do</strong>minante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> imagético e metafísico da época moderna – um<br />
5<br />
mun<strong>do</strong> que prescreveu a desnaturalização <strong>do</strong>s seres e das coisas , outrora<br />
codifica<strong>do</strong>s sob regimentos da lei habitual, costumeira e natural, que regia<br />
as culturas <strong>do</strong>s povos antigos.<br />
Quan<strong>do</strong> o pensamento racional-calcula<strong>do</strong>r pôs as mãos, os pés, o<br />
coração e o sangue a correr na pretensa ordem progressiva e unificada <strong>do</strong>