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Machinapolis e a Caosmologia <strong>do</strong> Ser 144<br />
passa a ser regida por vontades sujeitadas a um regime de liberdade de<br />
escolha em que a representação, enquanto dignidade divinizada, faz <strong>do</strong> ser<br />
<strong>do</strong> devir um vir-a-ser <strong>do</strong> por vir. Na medida <strong>do</strong> adiantamento desse<br />
processo, uma surpreendente transformação no cenário histórico mundano<br />
se concretiza – o Teatro <strong>do</strong> Caos veio consubstanciar a era de homens e<br />
máquinas conjuga<strong>do</strong>s, enquanto corpos para<strong>do</strong>xais violenta<strong>do</strong>s por<br />
distúrbios entrópicos de to<strong>do</strong>s os tipos e espécies.<br />
*<br />
Um rompimento, uma cesura historicamente produzida, uma<br />
velocidade vertiginosa ritmada pela fumaça das fábricas, compassada pelo<br />
grunhi<strong>do</strong> de motores, explosões energéticas, a cacofonia das avenidas<br />
comerciais, multidões de gente e máscaras atômicas em distúrbios<br />
urbanos, as telas e os noticiários que se proliferam nas massas desgarradas,<br />
o culto pela novidade, o exotismo satélitribal nas vitrines das lojas, o me<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> estranhamento e a paranóia coletiva no orgiasmo caótico das<br />
celeridades... Seria isso um melhoramento contínuo da espécie em<br />
degeneração ou uma eugenia tecnologicamente aplicada? São inúmeros<br />
19<br />
fenômenos que abrangem o complexo político de Machinapolis .<br />
A fractalização epistemolar relativa aos saberes e poderes que<br />
edificou o corpo labiríntico planetário, pode ser também caracterizada pela<br />
multiplicação de micro-racionalidades e maquinarias de disciplina e<br />
controle exteriores aos corpos – ora desafia<strong>do</strong>s a explorar as linhas<br />
esquizofrênicas da produção desejante, ora leva<strong>do</strong>s à renúncia desmedida<br />
de seus instintos animalescos, agi<strong>do</strong>s por uma moral ascética massificada<br />
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pela violência da má consciência , símbolo máximo de uma sociedade<br />
artificializante que se fundamenta numa existência teleológica baseada na<br />
tecnização <strong>do</strong> por vir racional, enquanto norma de regulamentação <strong>do</strong><br />
tempo e <strong>do</strong> espaço estria<strong>do</strong>s.<br />
Sem embargo, a simbiose <strong>do</strong> homem com as variabilidades de<br />
maquinarias existentes suplantou certos instintos primordiais à espécie,<br />
caros sobretu<strong>do</strong> a uma fisiologia cria<strong>do</strong>ra de formas que emanam os<br />
próprios elãs vitais. Com potência, a formatação dessa interface peculiar<br />
modificou profundamente e em um curtíssimo espaço de tempo, a fisiologia<br />
<strong>do</strong>s seres e as coisas que a circundam. É o próprio corpo pleno <strong>do</strong> socius,<br />
determina<strong>do</strong> a contrario enquanto civilização planetária, que se torna<br />
caosmológico na medida em que os corpos sociais e a Terra, assim como os<br />
corpos fisiológicos e subjetivos, alçam a um processo entrópico de<br />
21<br />
configuração e desconfiguração permanentes .