Download do livro - cchla - UFRN
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levam muito a pensar). Eram obras que estavam expostas juntas de tantas<br />
outras pinturas e poemas visuais de artistas renoma<strong>do</strong>s da cidade, tais como<br />
Avelino de Araújo e Falves Silva (estes, conheci<strong>do</strong>s internacionalmente<br />
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devi<strong>do</strong> a suas produções de décadas) , além <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong> zine Dada<br />
Unigo, com textos que pretendiam refletir sobre a obra maior.<br />
Dizíamos, portanto, que A Rede englobava várias obras, ela mesma<br />
sen<strong>do</strong> uma, a principal e maior. Era o caso de se valer temporariamente <strong>do</strong><br />
espaço público dan<strong>do</strong>-lhe um funcionamento impreciso e evanescente. A<br />
ocupação foi feita com a exposição de to<strong>do</strong> esse material e, por fim, pela<br />
instalação das redes e corpos ao longo <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r central <strong>do</strong> setor de aulas.<br />
A exposição pôde ser apreciada e experienciada durante quatro<br />
longos dias. De fun<strong>do</strong> sonoro, as músicas da vitrolinha de Thales Lacerda se<br />
intercalavam com as tocadas de violões. Turmas se divertiam com<br />
passatempos tais como jogos, cigarrilhas, conversas e sonecas nas redes<br />
armadas la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> junto às salas de aula. No fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r, enquanto<br />
a belíssima vista <strong>do</strong> Parque das Dunas era pincelada pela chuva, um<br />
verdadeiro acampamento veiculou comidas artesanais, barracas<br />
apareceram no Bosque <strong>do</strong>s Eucaliptos, a libi<strong>do</strong> florescera junto às sombras,<br />
nos recantos, e bicicletas se amontoaram pela espera jovial <strong>do</strong> sol.<br />
Algo como um paleolitismo psíquico se encarnara em um neo-<br />
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primitivismo nômade , forjan<strong>do</strong> um transforma<strong>do</strong> cangaço pós-moderno<br />
que se apropria temporariamente <strong>do</strong>s espaços binários de poder labiríntico,<br />
geri<strong>do</strong>s pela lógica da razão, para logo em seguida desfazer-se, pelos<br />
subterrâneos, em busca de outras paragens, menos áridas e mais vivazes.<br />
Foi como aqueles dias propensos a ficar na lembrança. Chovia<br />
bastante. Quanto a nós, tínhamos plena consciência <strong>do</strong> que estávamos<br />
fazen<strong>do</strong>. Já nesse momento de nossa trajetória havia a intuição clara da<br />
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possível junção das três caóides: Arte, Ciência e Filosofia . Basea<strong>do</strong>s nisso<br />
e nas influências adquiridas com pesquisas e estu<strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s de verve<br />
multifocal, inventamos o conceito A Rede e firmamos a nossa atividade<br />
como práxis artístico-filosófica.<br />
De fato, há questões e problemáticas bastante pertinentes a serem<br />
pensadas sobre a obra aqui abordada, tais como a colonização genocida e<br />
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etnocida <strong>do</strong>s habitantes das redes, uma cronopolítica que aprisiona os<br />
seres no tempo sobrecodifica<strong>do</strong> e binariza<strong>do</strong> no trabalho concreto e<br />
abstrato, o dia-falso, destruições e re-configurações políticas de guerra – e<br />
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por que não, sobre o próprio estatuto aurático da arte contemporânea . Um<br />
verdadeiro lance de da<strong>do</strong>s!<br />
*<br />
Lucas Fortunato | Edson Gonçalves Filho | Lisandro Loreto 049