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anpuh.s02 - Associação Nacional de História

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Em conclusão, po<strong>de</strong>mos ver que, se muitas vezes foram "acomodados"<br />

os principios Jurídicos às necessida<strong>de</strong>s econômicas da proprieda<strong>de</strong>,<br />

daí o gran<strong>de</strong> prestígio dos ouléma, por outro lado, os resultados<br />

econômicos foram favoráveis no períodO áureo do império.<br />

Observamos ainda que, no Iraq, não se formaram gran<strong>de</strong>s aristocracias<br />

territoriais. Se por acaso se estruturassem, estas aristocracias<br />

não seriam constituidas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proprietários e sim <strong>de</strong> governadores<br />

e agentes do califa, onipotentes e po<strong>de</strong>rosos, nas províncias; no<br />

entanto o seu po<strong>de</strong>r é sempre efêmero. Se os Barmékidas <strong>de</strong>moram<br />

um pouco no po<strong>de</strong>r, bem trágico é seu fim. Pródigas são as fontes<br />

medievais em narrativas <strong>de</strong> cabeças rolando, como frutos maduros,<br />

ao sabor do vento (Veja-se Tabari-Khaldoun).<br />

As características das proprieda<strong>de</strong>s muçulmanas, em suas variadas<br />

formas lhes são próprias, dai não concordarmos com a <strong>de</strong>nominação<br />

<strong>de</strong> feudo para nenhum dos tipos <strong>de</strong> aproveitamento da terra do<br />

ImpériO Muçulmano.<br />

Embora no Oci<strong>de</strong>nte a classe mais importante seja, também, constituída<br />

pelOS que "lutam", e seja pouco distinto, não só lavrar a terra,<br />

como até administrá-la, os gran<strong>de</strong>s senhores feudais vivem no feudo,<br />

dêle tiram suas fôrças militares, aí caçam e reunem suas côrtes. A<br />

literatura enche-se <strong>de</strong> canções narrando caçadas e amores campestres.<br />

it nobre viver no campo e pouco elegante procurar a cida<strong>de</strong>. O<br />

próprio clero regular não se sente humilhado <strong>de</strong> lavrar a terra.<br />

A religião cristã, cultiva a vida agrícola e chega a divulgar a<br />

divisa: "Um mercador dificilmente encontrará um lugar ao lado <strong>de</strong><br />

Deus". No mundo muçulmano, também condicionado pela religião,<br />

nenhuma semente <strong>de</strong> amor à terra é lançada. O Corão é o livro <strong>de</strong><br />

um mercador, para mercadores e guerreiros.<br />

O próprio trabalho <strong>de</strong> construção e manutenção <strong>de</strong> canais é olhado<br />

com <strong>de</strong>sprêzo. Se comerciantes e pessôas da côrte o financiam é<br />

visando lucro. O simbolo <strong>de</strong>sta mentalida<strong>de</strong> está na frase <strong>de</strong> um<br />

sufita ao morrer: "Não arruinei o mundo, nem cobicei uma longa vida<br />

para cavar canais e plantar árvores". Pronunciada por um sufita, embora<br />

reflita opinião social o faz com exagêro, mas ao observador atento,<br />

revela não só <strong>de</strong>sprêzo pela ativida<strong>de</strong>, como certo <strong>de</strong>sgôsto da<br />

exploração que <strong>de</strong>la se fazia.<br />

O feudalismo traz a marca do regime que surgiu da integração<br />

do homem ao feudo, o regime <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> muçulmano tem base<br />

na exploração da terra, sem fixação do concessionário ou gran<strong>de</strong> proprietário.<br />

No Oci<strong>de</strong>nte nasceu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e <strong>de</strong> suprir os po<strong>de</strong>res<br />

centrais <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes. :S; clara a <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res no regime<br />

feudal, gerando <strong>de</strong>scentralização, mas mantendo a socieda<strong>de</strong> unida<br />

pelOS laços <strong>de</strong> vassalagem, selados pelo simbolismo da investidura,<br />

homenagem e ato <strong>de</strong> fé.<br />

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