21.05.2013 Views

anpuh.s02 - Associação Nacional de História

anpuh.s02 - Associação Nacional de História

anpuh.s02 - Associação Nacional de História

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sada a colheita não queriam ocupar-se das ativida<strong>de</strong>s necessárias a<br />

seu trato (46). Negavam-se a realizar outras ativida<strong>de</strong>s necessárias<br />

à vida da Fazenda, recusavam-se a receber cafezais com fraca produção,<br />

fôssem novos e ainda improdutivos, ou velhos e já em <strong>de</strong>clínio<br />

<strong>de</strong> produção. Queixavam-se dos solos pedregosos. Viviam mal satisfeitos.<br />

Fàcilmente·se indispunham com os patrões e abandonavam os<br />

cafezais que lhe haviam sido entregues pondo em risco a colheita. As<br />

queixas dos proprietários se multiplicavam.<br />

Na Fazenda <strong>de</strong> Elias Silveira Leite, situada a algumas léguas da<br />

Vila <strong>de</strong> Constituição, tinha havido vários conflitos entre os colonos e<br />

o proprietário. Quando aquêles chegaram à Fazenda, a maior parte<br />

do cafezal era novo, e sua produção escassa. Apenas um reduzido<br />

número <strong>de</strong> cafeeiros com produção satisfatória lhes fôra entregue.<br />

Apesar do proprietário ter-se comprometido a pagar <strong>de</strong>z mil réis,<br />

anuais, por milhar <strong>de</strong> plantas novas, cuidadas pelos colonos, a solução<br />

não os satisfizera. Correu o boato que seriam dadas terras do<br />

Govêrno aos colonos e que suas dívidas seriam saldadas. Atraídos<br />

por essa miragem, abandonaram o trabalho, ausentando-se da Fazenda,<br />

o que ocasionou a ruína <strong>de</strong> um cafezal recém-formado, num<br />

total aproximado <strong>de</strong> 30.000 pés <strong>de</strong> café (47).<br />

A situação não fora muito melhor nas fazendas <strong>de</strong> José Elias<br />

Pacheco Jordão, em Rio Claro, que chegara a concentrar gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> colonos, e on<strong>de</strong> também fora tentado o sistema <strong>de</strong> parceria<br />

(48). Também aí os cafezais eram novos, e os atritos <strong>de</strong> entre as partes<br />

se multiplicaram, tendo os colonos abandonado o trabalho (49).<br />

Benedito Antonio <strong>de</strong> Camargo, propi"ietário da Fazenda Boa Vista,<br />

também estivera às voltas com seus colonos e só conseguira restabelecer<br />

a or<strong>de</strong>m em sua proprieda<strong>de</strong>, graças a intervenção do Govêrno<br />

Imperial, cujo representante em 1859, <strong>de</strong> comum acôrdo com o proprietário<br />

e os colonos, converteu o sistema <strong>de</strong> parceria em contrato<br />

<strong>de</strong> arrendamento.<br />

Se os proprietários estavam <strong>de</strong>cepcionados com a experiência<br />

feita, não menos estavam os colonos (50). Queixavam-se da sua sorte,<br />

manifestando sua <strong>de</strong>silusão. Os <strong>de</strong>scontentamentos acumulados pelOS<br />

colonos haviam mesmo explodido numa agitação que inquietara os<br />

fazen<strong>de</strong>iros, e que assumira aspectos mais graves na Fazenda Ibicaba,<br />

em fevereiro <strong>de</strong> 1857 (51). Reclamavam os colonos que as mercadorias<br />

que necessitavam lhes eram vendidas mais caras do que valiam. Alegavam<br />

que se lhes <strong>de</strong>stinavam poucos cafeeiros frutíferos, atribuindo-lhes<br />

cafeeiros novos, e neste caso a safra era pequena (52), ou<br />

cafeeiros velhos ou mirrados, reservando-se o fazen<strong>de</strong>iro os melhores<br />

pés que entregava ao trabalho dos escravos (53), o que aliás era perfeitamente<br />

explicável tendo em vista a coexistência dos dois tipos <strong>de</strong><br />

trabalho. Poucos <strong>de</strong>vem ter sido os fazen<strong>de</strong>iros que como Antonio<br />

Queiroz Telles, <strong>de</strong> Jundiai, entregavam aos colonos os cafeeiros em<br />

pleno vigor da produção, e aos escravos os cafeeiros mais velhos (54),<br />

ou que como Joaquim Bonifácio do Amaral, para in<strong>de</strong>nizar os colo-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!