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anpuh.s02 - Associação Nacional de História

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Tôda a estrutura social e econômica, naturalmente, se compunha<br />

tendo como centro a classe senhorial. Em gran<strong>de</strong> parte, os fazen<strong>de</strong>iros<br />

dos Campos Gerais eram <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> primeira geração <strong>de</strong> portuguêses<br />

vindos para o Brasil durante a gran<strong>de</strong> imigração peninsular<br />

do século XVIII, imigrantes que primeiro se estabeleceram como comerciantes<br />

nas vilas, como militares no tempo das guerras platinas,<br />

e que, <strong>de</strong>pois, pelo casamento nas antigas familias ou aquisição <strong>de</strong><br />

terras com o capital conseguido no comércio, inclusive no comércio<br />

<strong>de</strong> tropas, se estabeleceram como fazen<strong>de</strong>iros. Em 1770, o Capitão General<br />

observava que o negócio <strong>de</strong> tropas era o que dava "modo <strong>de</strong><br />

vida aos que vem do Reino". (35)<br />

Com a In<strong>de</strong>pendência, os chefes das gran<strong>de</strong>s famílias fazen<strong>de</strong>iras<br />

começaram a participar da vida política, apoiando os presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

Província, e com a criação da Província do Paraná, a li<strong>de</strong>rança política<br />

se institucionalizou com os fazen<strong>de</strong>iros dos Campos Gerais. Com<br />

isso, acentuaram-se os laços patriarcais da organização social, pelas<br />

maiores exigências <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>, que tinham como base o<br />

parentesco. De fato, a li<strong>de</strong>rança política exercida pelos fazen<strong>de</strong>iros<br />

se processa sob a forma <strong>de</strong> oligarquia. Nos princípios da República,<br />

quando umas oligarquias ce<strong>de</strong>ram lugar a outras da mesma base, um<br />

dos mais po<strong>de</strong>rosos Presi<strong>de</strong>ntes do Estado dizia em carta a parente:<br />

" . .. confesso que se outra satisfação eu não pu<strong>de</strong>sse ter <strong>de</strong> minha<br />

ação política no Estado, tenho a <strong>de</strong> ter eliminado, por completo, a oligarquia<br />

que dominou por tanto tempo ... " e citava o nome <strong>de</strong> duas<br />

gran<strong>de</strong>s familias que, no ImpériO, <strong>de</strong>ram barões, conselheiros, comendadores,<br />

e que foram gran<strong>de</strong>s fazen<strong>de</strong>iros e tropeiros.<br />

Durante, pelo menos, a primeira meta<strong>de</strong> do século XIX, as famílias<br />

fazen<strong>de</strong>iras residiam na própria fazenda, on<strong>de</strong> os filhos varões<br />

participavam dos trabalhos campeiros e as filhas do serviços domésticos,<br />

servidas pelas escravas. Mas, no inverno, quando os serviços<br />

campeiros quase se paralizavam, a familia se transportava para as<br />

cida<strong>de</strong>s. Passando pela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Castro em 1844, anotou um viajante:<br />

"os cidadãos moram pelas estancias <strong>de</strong> criar, pelo que as suas casas<br />

da cida<strong>de</strong> só se abrem aos domingos, dias santos ou <strong>de</strong> festas, tempo<br />

em que concorrem e fazem-na regorgitar". (36)<br />

6 - Com a abertura das minas <strong>de</strong> Goiás, "que pela multidão <strong>de</strong><br />

gente que concorrem para ela se farão populosas", e consi<strong>de</strong>rando<br />

que os campos <strong>de</strong> Curitiba "em menos <strong>de</strong> dois anos se verão exaustos<br />

<strong>de</strong> gados e <strong>de</strong> bestas e reduzindo tudo a uma falta geral", pela pouca<br />

capacida<strong>de</strong> que tinha <strong>de</strong> abastecer as concentrações <strong>de</strong> mineiros, o<br />

Capitão General <strong>de</strong> S. Paulo mandou abrir, em 1730, uma estrada que<br />

ligasse as Vacarias da Serra aos campos <strong>de</strong> Curitiba, para fazer subir<br />

para as minas as manadas <strong>de</strong> gado chucro do Rio Gran<strong>de</strong>. "Com a<br />

introdução dos gados e cavalgaduras que pelo novo caminho entrarão<br />

dos campos do Rio Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. Pedro do Sul e Nova Colonia, hão <strong>de</strong><br />

diminuir no prêço os gadOS e cavalgaduras <strong>de</strong> Curitiba", pensava o<br />

governador.<br />

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