21.05.2013 Views

anpuh.s02 - Associação Nacional de História

anpuh.s02 - Associação Nacional de História

anpuh.s02 - Associação Nacional de História

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que aumentava o novo modo <strong>de</strong> uso da proprieda<strong>de</strong>. "Uma parte <strong>de</strong><br />

nossos campos é <strong>de</strong>stinada a invernar as tropas <strong>de</strong> bestas soltas, que<br />

forma o principal negócio da Província" - informava um fazen<strong>de</strong>iro<br />

ao Presi<strong>de</strong>nte, em 1860, e outro calculava que nos Campos Gerais invernavam<br />

por ano, permanentemente, "30.000 cabeças <strong>de</strong> raça muar<br />

<strong>de</strong>stinadas às Feiras <strong>de</strong> Sorocaba". (40)<br />

Segundo conclusões <strong>de</strong> pesquisas documentãrias <strong>de</strong> Aluisio <strong>de</strong> Almeida,<br />

o quinquênio 1855-1860, marca o ãpice do comércio <strong>de</strong> mulas<br />

em Sorocaba, tendo entrado para a Feira cem mil mulas anualmente<br />

(4Ú, que, conseqüentemente, invernaram nos campos das fazendas<br />

paranaenses.<br />

Acompanhava a diminuição das ãreas do criatório o completo <strong>de</strong>scuido<br />

dos rebanhos bovinos pelos fazen<strong>de</strong>iros. O gado dos campos paranaenses<br />

<strong>de</strong>generou - segundo a opinião da época. No seu relatório<br />

<strong>de</strong> 1876, dizia o Presi<strong>de</strong>nte da Província: "Percorrendo os Campos<br />

Gerais, <strong>de</strong> que se tem feito tão belas <strong>de</strong>scrições sempre aquem da<br />

realida<strong>de</strong>, notei que a criação <strong>de</strong> gado ali não correspon<strong>de</strong> à gran<strong>de</strong><br />

extensão e riqueza dos pastos; fazendas <strong>de</strong> 3 a 4 leguas <strong>de</strong> magníficos<br />

campos, contém apenas 600 a 800 rezes. Disseram-me alguns fazen<strong>de</strong>iros<br />

a quem fiz esta observação, que isto era <strong>de</strong>vido ao abandono em<br />

que até bem pouco estivera a criação do gado. Os fazen<strong>de</strong>iros levados<br />

pelo lucro fãcil e gran<strong>de</strong> que tiveram com as invernadas das tropas<br />

vindas do sul ( ... ) <strong>de</strong>ixaram a criação do gado quase que completamente<br />

abandonada". (42)<br />

De muito antes <strong>de</strong>ssa época, alterada cada vez mais acentuadamente<br />

a finalida<strong>de</strong> do uso da proprieda<strong>de</strong> pela diminuição dos trabalhos<br />

<strong>de</strong> criação, as famílias fazen<strong>de</strong>iras passaram a residir nas cida<strong>de</strong>s,<br />

ao mesmo tempo em que ampliava a economia monetária, se<br />

firmava a supremacia comercial das cida<strong>de</strong>s sôbre a antiga economia<br />

auto-suficiente das fazendas e diminuia o número <strong>de</strong> escravos.<br />

O proprietãrio da fazenda Fortaleza, a maior da Província, com<br />

31 léguas quadradas, que tinha antes 100 escravos, passou a residir<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Castro, ven<strong>de</strong>u os escravos, conservando apenas 8. A fazenda<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ter agricultura, ficando apenas com invernadas para<br />

tropeiros e para engorda <strong>de</strong> gado. Do arrendamento auferia uma renda<br />

anual equivalente a mil libras esterlinas. (43)<br />

Em 1865, firmas paulistas compravam ou arrendavam os escravos<br />

do Paraná para os cafezais paulistas, e em 1867, o impôsto que a Província<br />

arrecadava sôbre escravos saídos para S. Paulo "era quase<br />

igual ao impôsto sôbre animais". (44)<br />

Não era o arrendamento dos campos, porém, uma simples entrega<br />

da invernada ao tropeiro, contra uma retribuição. O que o fazen<strong>de</strong>iro<br />

arrendava era tôda a organização da fazenda que, não obstante,<br />

continuava na sua administração, geralmente por meio <strong>de</strong> um capataz.<br />

As cláusulas <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> arrendamento, <strong>de</strong> 1862, esclarecem<br />

o negócio: o fazen<strong>de</strong>iro arrendava uma "boa invernada com<br />

144

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!