anpuh.s02 - Associação Nacional de História
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talvez tenhamos apenas, e comodamente, nos limitado a con<strong>de</strong>nar a<br />
<strong>História</strong> historizante ...<br />
Tôda ciência não cessa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir-se <strong>de</strong> novo, <strong>de</strong> procurar-se, <strong>de</strong><br />
encontrar-se finalmente. Teremos nós buscado êste encontro?<br />
:m preciso que vivamos a inquietação da procura. E na <strong>História</strong><br />
nada <strong>de</strong>veremos rejeitar da contribuição das ciências sociais vizinhas,<br />
nem das aperfeiçoadas técnicas postas à nossa disposição pela<br />
ciência contemporânea, a fim <strong>de</strong> fazermos da <strong>História</strong> não a ciência<br />
do passado, mas a ciência do processo cultural humano, na medida<br />
em que êste possa ser estudado pela evidência documental, enten<strong>de</strong>ndo-se<br />
documento no sentido que lhe <strong>de</strong>u Lucien Fêbvre, isto é, tudo<br />
aquilo que sendo do homem, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do homem, serve ao homem,<br />
exprime o homem, significa a sua presença, enfim as atitu<strong>de</strong>s e as<br />
maneiras <strong>de</strong> ser do homem.<br />
Sociologia, Antropologia, Matemáticas SOciais, a tôdas elas <strong>de</strong>veremos<br />
recorrer, em seus métodos e técnicas <strong>de</strong> trabalho, a fim <strong>de</strong><br />
atingirmos a <strong>História</strong> como o estudo do social, <strong>de</strong> todo o social, portanto<br />
do passado e do presente, inseparáveis um do outro. Enfim, é<br />
preciso ao historiador refazer a <strong>História</strong> segundo novas achegas, que<br />
são elas exigências da vida cientifica dos nossos tempos. E aqui lembramos<br />
as palavras <strong>de</strong> Ruggiero Romano na sua obra sôbre o comércio<br />
do trigo em Marselha: "Se a história <strong>de</strong> Marselha nos parece que<br />
<strong>de</strong>va ser escrita <strong>de</strong> novo, não é por causa dos êrros que nela tenhamos<br />
encontrado. Não se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>negrir os sábios que a escreveram,<br />
aos quais não faltava nem a inteligência, nem o talento, nem a honestida<strong>de</strong>.<br />
Mas nós temos a convicção <strong>de</strong> que ela <strong>de</strong>ve ser olhada <strong>de</strong><br />
um ponto <strong>de</strong> vista diferente".<br />
A Diretoria da <strong>Associação</strong> dos Professôres Universitários <strong>de</strong> <strong>História</strong>,<br />
ao iniciar em suas reuniões cientificas, os estudos <strong>de</strong> temas, se<br />
lançou nesta inquietação da procura, buscando olhar a <strong>História</strong> <strong>de</strong><br />
um ponto <strong>de</strong> vista diferente.<br />
Eis a razão do tema proposto à consi<strong>de</strong>ração do n Simpósio dos<br />
Professôres Universitários <strong>de</strong> <strong>História</strong>.<br />
Significativo, e fato que muito nos honra, é êste <strong>de</strong> haver sido a<br />
Universida<strong>de</strong> do Paraná, a eleita para a se<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta tomada <strong>de</strong> posição<br />
dos historiadores brasileiros. No instante em que a mais antiga<br />
Universida<strong>de</strong> brasileira comemora o seu Cinqüentenário <strong>de</strong> fundação,<br />
é <strong>de</strong> inegável sentido histórico que aqui nos reunamos e busquemos as<br />
novas perspectiVas <strong>de</strong> um dos mais importantes problemas do homem,<br />
qual seja "a proprieda<strong>de</strong> e o uso da terra".<br />
A mais antiga Universida<strong>de</strong> brasileira, mas hoje, <strong>de</strong> qualquer maneira,<br />
a mais jovem porque acolhe ao seu abrigo e estimula com o seu<br />
apôio e das autorida<strong>de</strong>s universitárias, notadamente o Magn1fico Reitor<br />
Flávio Suplicy <strong>de</strong> Lacerda, as gran<strong>de</strong>s esperanças <strong>de</strong> renovação<br />
dos estudos históricos no Brasil.