anpuh.s02 - Associação Nacional de História
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Quando Von Tschudi na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ministro plenipotenciário<br />
no Brasil, nomeado pela Confe<strong>de</strong>ração Helvética, com a função precípua<br />
<strong>de</strong> estudar os problemas da imigração suissa no Império visitou<br />
a zona cafeeira do Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo, em 1860, registrou<br />
várias queixas <strong>de</strong> proprietários. Em Campinas, Floriano <strong>de</strong> Camargo<br />
Penteado, estava <strong>de</strong>scontente com seus colonos, queixando-se "particularmente<br />
dos modos brutais que usavam ao fazerem suas exigências".<br />
Confessa a Tschudi que seu maior <strong>de</strong>sejo era "ver-se livre <strong>de</strong>sses<br />
colonos, uma vez liquidados seus débitos", e acrescentava "que a<br />
experiência o <strong>de</strong>sencorajara <strong>de</strong> tal modo, tantos <strong>de</strong>sgostos e transtornos<br />
lhe causara, que nunca mais pretendia receber colonos em<br />
sua fazenda" (42). Também não <strong>de</strong>veria ser melhor a disposição do<br />
proprietário da fazenda Laranjal (Luciano Teixeira Nogueira) que<br />
se vira a volta com a indisciplina e os maus costumes <strong>de</strong> alguns colonos,<br />
três dos quais acabaram por ser prêsos, e que tivera a sua<br />
colônia assolada por uma epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> tifo durante a qual faleceram<br />
trinta e seis colonos, sete escravos além <strong>de</strong> membros <strong>de</strong> sua família.<br />
Em Amparo, Cunha Moraes, proprietário da Fazenda Boa Vista não<br />
tivera melhor sorte com seus colonos. Aí viviam nessa época, quatorze<br />
famílias, perfazendo um total <strong>de</strong> setenta e nove pessoas. Estas ocupavam-se<br />
<strong>de</strong> vinte e quatro mil cafeeiros, disputavam entre sí, eram<br />
pouco ciosos <strong>de</strong> seu trabalho. Na colheita <strong>de</strong> 1858, por exemplo, os<br />
colonos haviam apanhado bagas ver<strong>de</strong>s e maduras, e quando foram<br />
observados pelo proprietário abandonaram a colheita, <strong>de</strong>ixando<br />
que a safra se per<strong>de</strong>sse. As relações entre proprietários e colono:><br />
tinham se tornado <strong>de</strong> tal forma tensas, com as represálias recíprocas,<br />
que foi necessário a intervenção <strong>de</strong> um Comissário do Govêrno Imperial<br />
- Machado Nunes - para que a situação se normalizasse.<br />
Por tudo isso o proprietário já não mais pretendia aceitar novos colonos<br />
em sua fazenda (43).<br />
Em Campinas, na Fazenda Sete Quedas, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joaquim<br />
Bonifácio do Amaral on<strong>de</strong> também se fizera experiência com o<br />
sistema <strong>de</strong> parceria, e cuja colônia foi consi<strong>de</strong>rada pelo Plenipotenciário<br />
Suisso como mo<strong>de</strong>lar, o proprietário também "não se animava<br />
a prolongar a experiência pois estava farto e se recusava a receber<br />
novos colonos". Os colonos mostravam-se recalcitrantes, recusando-se<br />
freqüentemente a executar certas tarefas, chegando mesmo a<br />
se negar a construir cercados para as próprias pastagens, só o fazendo<br />
mediante in<strong>de</strong>nização" (44).<br />
Segundo a queixa dos proprietários, muitos colonos eram preguiçosos<br />
e dados ao vicio da bebida, o que os tornava <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros e<br />
violentos. Sua produtivida<strong>de</strong> era baixa. Na Fazenda São Lourenço,<br />
em Rio Claro, pertencente a Souza Barros, uma família tinha<br />
tomado a si apenas quatrocentos e vinte pés <strong>de</strong> café, o que não dava<br />
nem para cobrir os juros <strong>de</strong> seis por cento, que lhes era cobrado,<br />
sôbre o adiantamento feito (45). Não apreciavam os trabalhos árduos<br />
que a cultura do café exigia mesmo fora da época da colheita. Quando<br />
esta chegava <strong>de</strong>mandavam maior número <strong>de</strong> pés <strong>de</strong> café, mas pas-<br />
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