anpuh.s02 - Associação Nacional de História
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ce<strong>de</strong>ntes medievais e suas sobrevivências, ao se estudar, nas diversas<br />
regiões do Brasil, as questões relativas à proprieda<strong>de</strong> e ao uso da<br />
terra. Várias razões mUltam em favor da tese, eis que, se a legislação<br />
aplicada pela metrópole à colônia foi idêntica em diversas regiões, a<br />
população variou na sua origem, o que trouxe mOdificações pon<strong>de</strong>ráveis<br />
à maneira <strong>de</strong> encarar a proprieda<strong>de</strong> e usar a terra.<br />
Na realida<strong>de</strong>, é impossível estudar-se os problemas da terra sem<br />
tomar em consi<strong>de</strong>ração o tipo do colono, o estatuto da terra a que<br />
estava submetido no pais <strong>de</strong> origem, ou melhor, a tradição medieval<br />
a que se condicionava o uso da terra e como era consi<strong>de</strong>rada a proprieda<strong>de</strong><br />
sob as diversas formas.<br />
Sabemos que, durante o período <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
o Brasil recebeu colonos e emigrantes <strong>de</strong> regiões diversas da Europa,<br />
da Atrica e do Médio e Extremo Oriente. Daí a necessida<strong>de</strong> em se<br />
tomar, preliminarmente, contacto com um total espacial que, "em<br />
matéria <strong>de</strong> colonização rural, é essencial" (Higounet. Le problême<br />
économique: l'église et la vie rurale pendant le três haut moyen âge).<br />
No total espacial, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados não só regiões mas tipos<br />
<strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> estabelecimentos leigos e religiosos. Não é possível<br />
<strong>de</strong>ixar, ainda, <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar, tanto quanto possível, os recenseamentos<br />
medievais e <strong>de</strong> épocas posteriores para que se tenha uma idéia<br />
do fluxo <strong>de</strong> população e <strong>de</strong> sua mobUlda<strong>de</strong> no total espacial, a fim <strong>de</strong><br />
que se possa ter idéia <strong>de</strong> conjunto sôbre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> população e<br />
a utilização maior ou menor do espaço. Assim se po<strong>de</strong> ter, quanto ao<br />
aspecto econômico da terra, também a possibUlda<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinguir entre<br />
a utilização da terra urbana e rural, conhecendo-se, tanto da<br />
parte do elemento leigo quanto do religioso, a criação do núcleo agrário<br />
e os fundamentos <strong>de</strong> sua exploração.<br />
Outro ponto que <strong>de</strong>ve ser tomado em consi<strong>de</strong>ração é a influência<br />
<strong>de</strong> elementos materiais e espirituais que possam ter concorrido para<br />
a formação do núcleo agráriO, assim como do urbano.<br />
Não po<strong>de</strong> o historiador <strong>de</strong>dicado ao estudo da proprieda<strong>de</strong> e do<br />
uso da terra no Brasil, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> examinar os diversos sistemas <strong>de</strong><br />
exploração consagrados nas cartas <strong>de</strong> libertação das Cida<strong>de</strong>s, bem<br />
como nas concessões feitas pelos senhores em relação aos territórios<br />
rurais. Vale dizer que isto permitirá penetrar-se no sistema <strong>de</strong> exploração<br />
da terra, bem como nos processos <strong>de</strong> repartição da mesma. Assim,<br />
se po<strong>de</strong>rá perceber a que regimes territoriais estará submetida<br />
uma população, seja durante o período dominical, senhorial ou <strong>de</strong><br />
outras formas que possam apresentar as estruturas campesina e urbana.<br />
Isto dará, pois, a possibUlda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se verificar diferenças entre<br />
gôzo da terra, seja através do tipo <strong>de</strong> exploração direta ou indireta,<br />
assim como a diversificação <strong>de</strong> formação agrária das populações medievais<br />
e mo<strong>de</strong>rnas.<br />
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