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anpuh.s02 - Associação Nacional de História

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das produzidas pela compra e venda <strong>de</strong> muares, se tornaram tropeiros,<br />

levantando capitais par adquirir as mulas no Sul, conduzí-Ias em<br />

tropas para os campos <strong>de</strong> suas fazendas, inverná-Ias e <strong>de</strong>pois vendêlas<br />

na Feira <strong>de</strong> Sorocaba. O que se afirma na comunicação é que essa<br />

ativida<strong>de</strong> comercial suplantou a ativida<strong>de</strong> produtora, sem anulá-la.<br />

Com a dominância do comércio acentuou-se a economia monetária,<br />

acabou-se o isolamento do grupo familiar fazen<strong>de</strong>iro, modificou-se o<br />

sistema <strong>de</strong> abastecimento das fazendas, que, <strong>de</strong> tendência autárquica<br />

passou a ser tributária do comércio urbano, trazendo como conseqüência<br />

a <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> escravos, escravos<br />

êsses que foram, realmente, vendidos para outras áreas.<br />

Ao Prol. Amaro Quintas:<br />

Na exposição oral citamos algumas construções teóricas sôbre a<br />

formação histórica do Brasil e dissemos haver tido a pretensão <strong>de</strong><br />

testá-las com o trabalho. Da obra <strong>de</strong> Gilberto Freyre, seu autor sempre<br />

<strong>de</strong>ixou claro que não tirou conclusão nenhuma. Mas todos os seus<br />

leitores acham que as conclusões estão bem claras: a <strong>de</strong> que a família<br />

dominante no Brasil se formou e adquiriu um <strong>de</strong>terminado tipo,<br />

pelos processos que alí estão expostos. E mais ainda, que êsse tipo <strong>de</strong><br />

família e êsses processos <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> mudança, não são específicos<br />

do nor<strong>de</strong>ste açucareiro, mas <strong>de</strong> tôda socieda<strong>de</strong> brasileira. Consi<strong>de</strong>ramos<br />

as conclusões da obra <strong>de</strong> Freyre, como uma teoria da <strong>História</strong><br />

do Brasil, que <strong>de</strong>ve ser verificada pelOS estudos <strong>de</strong> campo. Do<br />

trabalho que apresentamos neste nosso encontro, e em relação à unida<strong>de</strong><br />

histórico-social que escolhemos como seu objeto, parece que os<br />

fundamentos daquela teoria são válidos, pois que aqui como lá, se<br />

encontra o mesmo patriarcado, com os mesmos processos <strong>de</strong> formação<br />

e com os mesmos processos <strong>de</strong> mudança.<br />

Ao Prol. Fernando Antonio Novais:<br />

Não pO<strong>de</strong>ríamos respon<strong>de</strong>r com precisão sôbre se a abolição da escravatura<br />

tivesse sido fator fundamental na <strong>de</strong>sagregação da estrutura<br />

social, nos têrmos em que esta expressão está conceituada na comunicação.<br />

Alinhando, porém, os fatos que aparecem na própria comunicação,<br />

estamos inclinados a pensar que não constitui fator fundamental.<br />

A evolução das conjunturas que se suce<strong>de</strong>ram (mudança<br />

do latifúndiário criador <strong>de</strong> gado em mercador <strong>de</strong> animais e ren<strong>de</strong>iro<br />

<strong>de</strong> terras) se fez com a tendência crescente <strong>de</strong> dispensar certo número<br />

<strong>de</strong> escravos que se iam tornando exce<strong>de</strong>ntes. Na hipótese acolhida<br />

pela comunicação, a <strong>de</strong>sagregação provém do empobrecimento dos<br />

fazen<strong>de</strong>iros pela quase cessação das rendas e pela conseqüente transformação<br />

<strong>de</strong> seu status <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong> global, on<strong>de</strong> logo se encontraram<br />

em competição com outros segmentos sociais em ascenção.<br />

A abolição da escravatura colhe a socieda<strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>ira já na fase <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cadência, e pouco altera o sistema <strong>de</strong> relações sociais entre o segmento<br />

dominante e o segmento dominado da economia fazen<strong>de</strong>ira.<br />

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