anpuh.s02 - Associação Nacional de História

cianos, em trocas de outras terras e dai saiu o embrião da futura
Fazenda Real, Imperial e Nacional (27).
Frizante exemplo de sesmarias propiciatórias de povoamento e
aproveitamento para a pecuária é o oferecido em Sergipe d'EI-Rei.
Cristóvão de Barros, seu conquistador em 1589/1590, ai separou enorme
sesmaria para o filho Antônio Cardoso de Barros (neto do 1.0
Provedor-Mor do mesmo nome). "Esta serviu de craveira para outras
e dentro em pouco não havia mais o que distribuir" (28). Ou, como
comentou um contemporâneo, o Sargento-Mor do Estado do Brasil,
Diogo de Campos Moreno: "Tem esta capitania mais de duzentos
moradores brancos, separados uns dos outros a respeito das criações,
para as quais são tão cubiçosos de ocupar terra que há morador que
tem trinta léguas de sesmaria em diferentes partes" (refere-se a
Francisco Dias Avila, então chefe da Casa da Tôrre), "e Antônio
Cardoso de Barros tem de sesmaria, desde o rio de Sergipe até o rio
de São Francisco, por costa e pela terra a dentro, mais de oito léguas,
e outros muitos moradores desta maneira têm ocupado com quatro
currais terra em que se podem acomodar muitas gentes; e sõbre
essas posses há grandes diferenças e não é possível cômodamente
fazer-se o que convém ao bem comum e serviço de sua Majestade"
(29).
Vendo o episódio à distância, assim o explicou Teodoro Sampaio,
em carta a Capistrano de Abreu: "Ao longo das praias, atinge-se Sergipe,
para daí subir-se pelo São Francisco, onde se obtém sesmaria
após sesmaria, fazenda após fazenda, para mais tarde voltar-se ao
centro pelo caminho mais curto." Era o que Capistrano, aproveitando
uma conclusão do engenheiro Morsing, referente às estradas de
ferro, aplicou às penetrações baiana e pernambucana, relativamente
ao São Francisco: fizeram-se pelas hipotenusas dos triângulos cujos
vértices litorâneos eram Salvador, a barra franciscana e Recife, no
interior pontos do mesmo rio, acima de suas cachoeiras.
Assim, "a conquista de Sergipe, na última década do século XVI,
franqueou um amplo espaço, logo distribuído em sesmarias, distribuídas
sem o mínimo escrúpulo, sem um ligeiro vislumbre sequer de
inteligência, desde que Sergipe teve capitão-mor próprio e desabusado"
(30).
Embora adiantando no tempo nossa exposição, vejamos desde
já a conseqüência dessa denúncia capistraneana: Em 1684, ao mestre
de campo Antônio Guedes de Brito concedeu Brás da Rocha Cardoso,
capitão-mor de Sergipe, uma sesmaria que lhe concedia nada
menos que tôdas as terras do São Francisco até as nascenças do rio
Valnhum ou Vainhão, provàvelmente o rio das Velhas, nas futuras
Minas Gerais! Em 1690, estando alguns baianos em luta contra os
indios do alto rio das Contas, saiu-lhes com protestos aquêle concessionário,
baseado na referida sesmaria, afinal chegando a acôrdo os
contendores, no ano seguinte: O mestre-de-campo abriu mão de metade
das terras entre os rios Paraguaçu, S. Francisco, Velhas, Doce,
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