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anpuh.s02 - Associação Nacional de História

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Dai po<strong>de</strong>r-se afirmar que a proprieda<strong>de</strong> esteve sempre presente<br />

na <strong>História</strong> como um fator atuante da mesma, e mais do que isso,<br />

assumindo um sentido escatológico, isto é, integrando-se na vivença<br />

histórica do homem e na realização <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino, mesmo ainda<br />

quando <strong>de</strong>turpa esta or<strong>de</strong>m histórica.<br />

Assim, o capitalismo mo<strong>de</strong>rno é o representante autêntico, no<br />

campo econômico, daquêlehumanismo que, partindo da Renascença,<br />

voltou os ombros à realida<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>nte e se integrou em um antropocentrismo<br />

anti-teológico e anti-ontológico.<br />

O livre-exame, o "laissez-faire", o direito divino, a razão esclarecida,<br />

o super-número do individualismo, o super-homem, a supermassa,<br />

são marcas apenas <strong>de</strong> uma continuada apostasia humana e<br />

social, a se arrastar pelos séculos, com suas origens no humanismo da<br />

Renascença.<br />

E, o marxismo, também, procura realizar seu humanismo, aliãs,<br />

última etapa, no tempo, do humanismo renascentista.<br />

"O homem, <strong>de</strong>sligando-se do absoluto, atribue um sentido absoluto<br />

- ensina o Prof. Sombart - aos valores relativos. li: o caso do<br />

marxismo. Constitue em absoluto a uma série <strong>de</strong> valores empiricos".<br />

lÍlsses novos humanismos, ambos anti-sacrais, <strong>de</strong>slocaram a proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sua posição ontológico-juridica <strong>de</strong> condicionamento aos<br />

fins absolutos do homem, para convertê-la em arma <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição<br />

das suas mais profundas virtualida<strong>de</strong>s, tornando o homem um escravo<br />

da necessida<strong>de</strong>, ou consi<strong>de</strong>rando a proprieda<strong>de</strong> um absoluto, geradora<br />

da consciência e, portanto, creadora dum novo homem.<br />

De qualquer forma, está sempre presente a proprieda<strong>de</strong> no centro<br />

da <strong>História</strong>, como elemento integrante da cultura e, por vêzes, tentando<br />

interferir no equacionamento ontológico dos valores humanos.<br />

Dai a preocupação do mundo mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> encontrar a segurança<br />

para o homem, sem comprometer-lhe a liberda<strong>de</strong>, o que se não alcançará<br />

com o apêlo a formas milagrosas, como se fôsse ela sair <strong>de</strong><br />

alguma cozinha <strong>de</strong> bruxa, por arte <strong>de</strong> Mefistófeles. A liberda<strong>de</strong> autêntica<br />

só a teremos, nas gran<strong>de</strong>s avenidas da <strong>História</strong>, quando a segurança<br />

econômica, através do condicionamento da proprieda<strong>de</strong> aos<br />

<strong>de</strong>stinos do homem, <strong>de</strong>r a êsse homem histórico a tranquilida<strong>de</strong> necessária<br />

ao exercicio da "liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> palavra; liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> religião;<br />

libertação da necessida<strong>de</strong>; libertação do mêdo".<br />

A proprieda<strong>de</strong>, como um dos fatores históricos, o mais permanente<br />

e ativo, não somente interfere no equacionamento da cultura, como<br />

é dos mais importantes à integral realização da personalida<strong>de</strong><br />

humana.<br />

Enten<strong>de</strong>ndo com Riedmatten ("Le probleme social à travers 1'Histoire"),<br />

que a proprieda<strong>de</strong> privada é negada tanto no capitalismo co-<br />

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