anpuh.s02 - Associação Nacional de História
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seu funcionamento e finalmente falava-se na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "um<br />
regulamento Policial para melhor or<strong>de</strong>m dos estabelecimentos", sugerindo-se<br />
que a êsse respeito se ouvisse "os proprietários das colônias<br />
- aos quais a experiência tinha mostrado os abusos que era<br />
necessário reprimir". Mais raramente se alvitrava como solução que<br />
o Govêrno pagasse a passagem, pelo menos, dos filhos menores dos<br />
colonos o que diminuiria a dívida com que chegavam às Fazendas<br />
(61).<br />
Financiamento do Govêrno e Fiscalização e Repressão Policial -<br />
eis no que se resumiam as soluções alvitradas pelos proprietários. As<br />
dívidas que oneravam o colono Já à sua chegada, em virtu<strong>de</strong> do preço<br />
das passagens que eram obrigados a <strong>de</strong>sembolsar eram no enten<strong>de</strong>r,<br />
dos proprietários um dos fatores responsáveis pelos <strong>de</strong>scontentamentos<br />
do colono, sua irritação e indisciplina (62). A falta <strong>de</strong> um mecanismo<br />
disciplinar a<strong>de</strong>quado facilitava a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e o <strong>de</strong>srespeito aos contratos.<br />
Aparentemente estas eram as principais razões ao fracasso do<br />
sistema, já por todos conhecido (63).<br />
A partir da insurreição dos colonos em Ibicaba, o sistema <strong>de</strong> parceria<br />
per<strong>de</strong>u ràpidamente prestígio, minado pelas suas próprias contradições.<br />
Os colonos sentiam-se reduzidos à situação <strong>de</strong> escravos e<br />
os fazen<strong>de</strong>iros, por seu lado, consi<strong>de</strong>ravam-se burlados nos seus interêsses.<br />
O sistema pecava pela base. Preten<strong>de</strong>ra-se criar um regime<br />
<strong>de</strong> trabalho que pu<strong>de</strong>sse substituir vantajosamente a mão <strong>de</strong> obra<br />
escrava na cultura cafeeira. Procurara-se uma solução num regime<br />
mixto que conciliasse fórmulas usuais em colônias <strong>de</strong> povoamento<br />
com o interêsse do fazen<strong>de</strong>iro, habituado à rotina do braço escravo.<br />
O conflito revelou-se inevitável.<br />
Os colonos alemães e suissos, na maior parte, parecem só se ter<br />
a<strong>de</strong>quado ao tipo <strong>de</strong> colonização que se estabeleceu por exemplo no<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul ou Santa Catarina. As condições oferecidas nos<br />
sistemas <strong>de</strong> parceria não lhes satisfaziam.<br />
As exigências do trato, o tipo <strong>de</strong> produção e rendimento da cultura<br />
do café, resultavam pouco propíCiOS aos colonos <strong>de</strong>ntro daquêle<br />
sistema. Recusavam-se êles a formar um cafezal, poiS a <strong>de</strong>rrubada<br />
da mata e os trabalhos necessários ao preparo da terra, assim como<br />
o tempo <strong>de</strong> espera, que antecedia o periodo <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> da planta,<br />
eram por <strong>de</strong>mais cansativos e muito pouco rendosos para um colono<br />
recém-chegado, sôbre o qual pesavam encargos financeiros numerosos.<br />
A solução <strong>de</strong> intercalar culturas várias <strong>de</strong> cereais entre as linhas<br />
<strong>de</strong> pés <strong>de</strong> café não chegava a oferecer lucro compensador para<br />
o colono, sôbre o qual recaia a divida da viagem marítima e do<br />
transporte até a Fazenda, e respectivos juros, bem como a resultante<br />
da sua manutenção. O que acontecia é que o Fazen<strong>de</strong>iro adiantava<br />
ao colono o que lhe era necessário e cobrava sôbre o adiantamento<br />
feito Juros correspon<strong>de</strong>ntes a 6%. Quando a familia era composta <strong>de</strong><br />
marido e mulher e vários filhos pequenos a situação se agravava. As<br />
dividas acumulavam-se e passavam anos sem que êle conseguisse<br />
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