A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
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e de radioatividade de fraca a média intensidade são armazenados <strong>em</strong> contêineres<br />
próximos à superfície da terra. A Al<strong>em</strong>anha preparou o velho poço da mina de ferro<br />
“Konrad” <strong>em</strong> Salzgitter no Estado da Baixa Saxônia, para o armazenamento subterrâneo<br />
de rejeitos não geradores de calor das usinas <strong>nuclear</strong>es, e também de reatores<br />
<strong>nuclear</strong>es e aplicações médicas <strong>nuclear</strong>es. No entanto, o armazenamento de rejeitos<br />
<strong>nuclear</strong>es nessa velha mina de ferro ainda se encontra <strong>em</strong> litígio.<br />
O descaso inicial com os rejeitos <strong>nuclear</strong>es é evidente <strong>em</strong> uma declaração de<br />
1969 do já citado físico e filósofo Carl Friedrich von Weizsäcker: “Não vai ser probl<strong>em</strong>a<br />
algum,” disse. “Me disseram que todos os rejeitos atômicos que vão ser acumulados<br />
na Al<strong>em</strong>anha até o ano 2000 caberão <strong>em</strong> um contêiner cúbico de 20 metros<br />
de cumprimento. Se ele for b<strong>em</strong> fechado e lacrado e colocado <strong>em</strong> uma mina,<br />
pod<strong>em</strong>os esperar que o probl<strong>em</strong>a esteja resolvido.” 10 Enquanto isto, propostas pioneiras<br />
exóticas como enviar os rejeitos para o espaço, para o fundo do mar ou para<br />
os gelos da Antártica sumiram dos olhos da opinião pública. Os especialistas hoje não<br />
consegu<strong>em</strong> decidir se o granito, o sal a argila ou algum outro material será o melhor<br />
substrato para o armazenamento a longo prazo de rejeitos altamente radioativos e<br />
geradores de calor. Todos citam as vantagens e desvantagens de cada opção.<br />
A questão de se os rejeitos radioativos pod<strong>em</strong> ficar isolados com segurança da<br />
biosfera durante centenas, milhares ou até milhões de anos <strong>em</strong> última instância, é de<br />
natureza filosófica. As pirâmides, afinal de contas, foram construídas há meros 5.000<br />
anos. Mas uma coisa é clara. Como os rejeitos <strong>nuclear</strong>es exist<strong>em</strong>, e como a questão<br />
do armazenamento a longo prazo não pode ser resolvida de modo conclusivo, é preciso<br />
buscar e encontrar a melhor solução técnica com base no atual estado do conhecimento.<br />
As tentativas de fugir da questão, com certeza, não ajudam. Um ex<strong>em</strong>plo<br />
disto seria a chamada transmutação, cujos defensores construíram reatores especiais<br />
para dividir os rejeitos mais perigosos e persistentes <strong>em</strong> isótopos que ficarão<br />
radioativos durante apenas algumas centenas de anos. Há décadas, apenas um<br />
pequeno número de cientistas levou a sério esta perspectiva. Mas até seus promo-<br />
10 Citado <strong>em</strong> B. Fischer, L. Hahn et<br />
al.: Der Atommüll-Report (Hamburgo,<br />
1989), p. 77.<br />
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