A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
urânio enriquecido) e água pesada. Suas pesquisas foram encerradas <strong>em</strong> 1975, quando o governo federal optou pelos<br />
reatores de água leve e firmou o Acordo com a Al<strong>em</strong>anha Ocidental.<br />
Em 1963, o Instituto de Energia Nuclear, criado <strong>em</strong> convênio da Cnen com a UFRJ, passou a construir um<br />
reator com componentes nacionais, à exceção do combustível. Chamado de Argonauta, o reator entrou <strong>em</strong> operação<br />
<strong>em</strong> 1965. Nesse momento, a Cnen era o órgão que geria a exportação de minérios para uso <strong>nuclear</strong>. Estas agências<br />
governamentais que foram criadas formaram uma burocracia técnica para o setor <strong>nuclear</strong>, com importantes consequências<br />
no desenvolvimento e manutenção do mesmo. Esta tecnocracia ganhou ainda mais importância após o golpe<br />
militar de 1964 e a conseqüente centralização do Estado.<br />
Ainda <strong>em</strong> 1959, foi criado o projeto Mambucaba, que previa a construção de uma usina para a geração de <strong>energia</strong><br />
<strong>nuclear</strong> <strong>em</strong> uma praia vizinha a que hoje estão instaladas as usinas de Angra 1 e 2. O projeto, entretanto, não<br />
andou por falta de força política da Cnen, e acabou engavetado pela decisão momentânea dos militares de não usar a<br />
<strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> como fonte de <strong>energia</strong> elétrica.<br />
Em 1967, o Brasil assinou o Tratado de Tlatelolco, <strong>em</strong> que alguns países da América Latina comprometeramse<br />
a não fazer uso do poder <strong>nuclear</strong> como arma militar. O documento, entretanto, é ambíguo, dado que a <strong>energia</strong><br />
<strong>nuclear</strong> pode servir tanto para fins pacíficos como para fins militares. No ano seguinte, o Brasil recusou-se a assinar<br />
o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, alegando ser este limitador da soberania nacional.<br />
Ainda <strong>em</strong> 1967 a Cnen, agora vinculada ao Ministério das Minas e Energia, firmou um acordo para a<br />
construção da primeira central de geração de <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>. O lugar escolhido foi Angra dos Reis, principalmente<br />
pela proximidade com os grandes centros do sudeste. Uma concorrência internacional foi aberta, <strong>em</strong><br />
1970, para a compra do reator de Angra 1 e foi vencida pela norte-americana Westinghouse, subsidiária da<br />
General Electric.<br />
Em 1972 o Brasil assinou um novo acordo com os EUA, <strong>em</strong> que estes forneceriam urânio enriquecido (numa<br />
quantidade que não ultrapassasse 2300 kg <strong>em</strong> 30 anos) <strong>em</strong> troca de urânio natural brasileiro. Ficava a cargo da<br />
Comissão de Energia Atômica dos EUA o controle das instalações brasileiras para que estas não fizess<strong>em</strong> uso militar.<br />
Neste acordo também fica acertado que o reator de potência a ser vendido para o Brasil seria um PWR (Reator de<br />
Água Pressurizada). Era um contrato do tipo caixa-preta, que impossibilitava a desejável incorporação de tecnologia.<br />
Também o financiamento do projeto gerou muitas suspeitas, pois foi feito por um banco que logo <strong>em</strong> seguida foi comprado<br />
pelo então Ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen.<br />
138