A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1. INTRODUÇÃO<br />
As profundas divergências sobre a <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> r<strong>em</strong>ontam aos primórdios<br />
de seu uso comercial. Os primeiros sonhos de seus defensores já esvaeceram,<br />
porém os riscos continuam, junto com o perigo de abusos <strong>em</strong> mãos de militares.<br />
O terrorismo colocou uma ameaça dramática e concreta. O aquecimento<br />
global e o caráter finito dos combustíveis fósseis não dissipam as grandes preocupações<br />
sobre a segurança da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>. Enquanto isso, um reator “a<br />
prova de acidentes” permanece há décadas no reino das grandes promessas não<br />
cumpridas.<br />
O aquecimento artificial da atmosfera terrestre s<strong>em</strong> dúvida será um dos<br />
grandes desafios do Século XXI. Há, porém, meios menos perigosos para lidar com o<br />
probl<strong>em</strong>a do que lançando mão da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>. A <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> não é sustentável<br />
porque a oferta de seu material combustível físsil é tão limitada quanto a dos<br />
combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás natural. Além disso, seus subprodutos<br />
radioativos precisam permanecer isolados da biosfera durante períodos de<br />
t<strong>em</strong>po que superam a capacidade da imaginação humana.<br />
A <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> não é uma tecnologia de alto risco apenas por<br />
questão de segurança, mas também pelo risco financeiro. S<strong>em</strong> subsídios<br />
públicos, não t<strong>em</strong> o menor futuro <strong>em</strong> uma economia de mercado. Mesmo<br />
assim, há <strong>em</strong>presas que continuam lucrando com a <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>, sob<br />
condições específicas, controladas pelo Estado. Estender as licenças de velhos<br />
reatores é tudo que os operadores desejam, mas aumenta desproporcionalmente<br />
o risco de um grande acidente. S<strong>em</strong>pre haverá também os regimes que<br />
enxergam e promov<strong>em</strong> o uso civil da fissão <strong>nuclear</strong> como passo para a<br />
aquisição de uma bomba atômica. Depois, como ficou claro pelo menos desde<br />
80