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A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP

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União Soviética desenvolveu minas de urânio na Al<strong>em</strong>anha Oriental, na<br />

Tchecoslováquia, na Hungria e na Bulgária. Milhares de mineiros tiveram mortes<br />

dolorosas pelo câncer nos pulmões depois de anos de trabalhos pesados <strong>em</strong> túneis<br />

mal ventilados e <strong>em</strong>poeirados, contaminados com radônio radioativo. Alguns dos<br />

mais atingidos foram os mineiros da unidade “Wismut” na Al<strong>em</strong>anha Oriental, que<br />

chegou a <strong>em</strong>pregar mais de 100.000 trabalhadores. Como as concentrações de<br />

urânio na terra geralmente variam <strong>em</strong> décimos de ponto decimal, iam se acumulando<br />

imensos volumes de terra escavada. A exposição ao minério de urânio exposto,<br />

que continha concentrações relativamente altas de gás de radônio e outros<br />

nuclídeos radioativos, foi severa e de longo prazo não apenas para os mineiros, mas<br />

para a área contígua também, e para os residentes. O probl<strong>em</strong>a foi agravado pelo<br />

uso de reagentes no processo de extração, que contaminavam a terra, a água<br />

superficial e o lençol freático na região.<br />

A situação melhorou com o auge da geração de eletricidade nos anos 70. A<br />

partir dessa época, os governos não eram mais os únicos compradores de matéria físsil.<br />

O novo mercado privado para o urânio liberou as, até então, severas condições de<br />

trabalho determinadas pela situação militar e estratégica que se impunha nas minas<br />

de urânio. Com o final da Guerra Fria, as condições mais uma vez melhoraram fundamentalmente.<br />

A d<strong>em</strong>anda militar por urânio despencou. Os depósitos não mais usados<br />

pelos governos dos EUA ou da ex-URSS, agora podiam atender o mercado civil<br />

de material físsil. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, com o avanço do desarmamento <strong>nuclear</strong>, grandes<br />

volumes de urânio muito enriquecido para uso militar com alto teor físsil foram<br />

disponibilizados dos já supérfluos estoques <strong>nuclear</strong>es americanos e soviéticos. Pode<br />

ter sido o mais abrangente programa na história de conversão de instrumentos de<br />

guerra para propósitos comerciais civis. Um grande volume de material bélico altamente<br />

explosivo foi “diluído” com urânio natural ou “<strong>em</strong>pobrecido” (U-238 do qual<br />

foi extraído o isótopo físsil U-235) e então usado como combustível <strong>em</strong> usinas convencionais<br />

de <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>. Esta situação completamente inédita no mercado fez<br />

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