A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
samente, o impacto do efeito estufa alimenta a esperança de que o longo marasmo<br />
da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> seja neutralizado e revertido. Wulf Bernotat, por ex<strong>em</strong>plo, que é<br />
Diretor-pre-sidente da <strong>em</strong>presa E.ON Ruhrgas sediada <strong>em</strong> Düsseldorf, afirma que<br />
“uma agenda energética que enxergue além do curto prazo precisa tratar o conflito<br />
central entre a eliminação gradual da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> e a grande redução no volume<br />
de <strong>em</strong>issões de CO 2 . Não é possível ter as duas coisas ao mesmo t<strong>em</strong>po. É uma pura<br />
ilusão.” 11 Como muitos outros líderes da indústria energética convencional, o chefe<br />
da maior <strong>em</strong>presa privada de <strong>energia</strong> do mundo abusa da lógica principal pela continuidade<br />
da eletricidade gerada <strong>em</strong> usinas <strong>nuclear</strong>es. Esta lógica argumenta que a<br />
proteção do clima está fadada ao fracasso s<strong>em</strong> o auxílio da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>. Qu<strong>em</strong><br />
tiver boas razões para se opor à renascença da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> agora precisa responder<br />
à questão da existência de tal conflito central na forma veiculada pelos promotores<br />
da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>.<br />
A maioria esmagadora de especialistas hoje está convencida que o aquecimento<br />
global é um perigo real. Para mantê-lo <strong>em</strong> níveis toleráveis para a humanidade e<br />
o ecossist<strong>em</strong>a global – ou seja com um aumento da t<strong>em</strong>peratura menor que dois<br />
graus Celsius acima da época pré-industrial – não há como não termos que diminuir<br />
dramaticamente as <strong>em</strong>issões de CO 2 nas próximas décadas. Especialistas <strong>em</strong> clima<br />
recomendam que os países industrializados reduzam suas <strong>em</strong>issões <strong>em</strong> 80% até meados<br />
do século XXI. Países <strong>em</strong> transição precisam pelo menos desacelerar o maciço<br />
crescimento nas <strong>em</strong>issões. Mesmo no esforço justificado para alcançar a prosperidade,<br />
os países populosos do Sul não pod<strong>em</strong> simplesmente repetir a rota de desenvolvimento<br />
tão intensivo <strong>em</strong> <strong>energia</strong> trilhada pelos países industrializados do Norte.<br />
A pergunta, portanto, é: A <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> t<strong>em</strong> o potencial de limitar as <strong>em</strong>issões de<br />
gases de efeito estufa a tal ponto, e s<strong>em</strong> alternativas, que os grandes riscos incontestes<br />
desta tecnologia devam ser aceitos? A situação se complica porque, enquanto<br />
o aquecimento global e o potencial de graves acidentes <strong>em</strong> usinas <strong>nuclear</strong>es representam<br />
diferentes tipos de risco, cada um traria conseqüências catastróficas, singulares<br />
11 Berliner Zeitung, 3 de dez<strong>em</strong>bro<br />
de 2005.<br />
109