22.12.2013 Views

A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP

A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP

A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Índia ou Paquistão, os reatores existentes pod<strong>em</strong> ter conseqüências tão fatais quanto<br />

não-intencionais. Quando eles entram <strong>em</strong> operação, forças inimigas não precisam<br />

de suas próprias bombas atômicas para causar a destruição radioativa. Basta uma<br />

força aérea convencional, ou até uma artilharia. Neste contexto, os que procuram vincular<br />

a <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> à noção de uma “oferta segura de <strong>energia</strong>” obviamente não<br />

levaram o raciocínio adiante. Não existe outra tecnologia com a qual um único evento<br />

possa desencadear o colapso de um pilar da oferta de <strong>energia</strong>. Uma economia que<br />

dependa deste tipo de tecnologia t<strong>em</strong> uma oferta de <strong>energia</strong> que pode ser tudo menos<br />

segura. No caso de uma guerra, o país fica mais vulnerável a ataques convencionais<br />

do que uma economia que não t<strong>em</strong> este tipo de tecnologia.<br />

Ao explicar sua decisão de passar do apoio para a oposição à <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong>,<br />

o físico e filósofo Carl Friedrich von Weizsäcker disse <strong>em</strong> 1985 que “a proliferação<br />

mundial da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> exige uma mudança radical mundial na estrutura política<br />

de todas as culturas que exist<strong>em</strong> hoje. Exige a superação da instituição política<br />

chamada guerra, que existe pelo menos desde o começo da alta cultura.” 8 Von<br />

Weizsäcker concluiu, porém, que os alicerces políticos e culturais para a paz mundial<br />

ainda não estavam à vista. Nestes t<strong>em</strong>pos de “violência assimétrica”, quando<br />

extr<strong>em</strong>istas altamente ideologizados se preparam para uma guerra contra estados<br />

industrializados poderosos ou inclusive para um “choque de culturas”, a paz sustentável<br />

no mundo retrocedeu mais ainda do que quando von Weizsäcker formulava<br />

sua visão <strong>em</strong> 1985.<br />

As ameaças a usinas de <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> no curso de um conflito armado já<br />

passam de mera hipótese. No conflito nos Bálcãs no início dos anos 90, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

o reator <strong>nuclear</strong> na cidade eslovena de Krsko podia ter virado alvo <strong>em</strong> várias<br />

ocasiões. Bombardeiros iugoslavos voaram por cima do reator para acenar com a<br />

possível intensificação das hostilidades. Não há nada que indique que Israel teria<br />

desistido do ataque aéreo contra as obras do reator de pesquisa Osirak no Iraque,<br />

se a usina de 40 megawatts já estivesse <strong>em</strong> operação. O ataque foi defendido como<br />

8 Citado <strong>em</strong> Klaus Michael Meyer-<br />

Abich e Bertram Schefold, Die<br />

Grenzen der Atomwirtschaft,<br />

(Munique, 1986), pp.14/16.<br />

95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!