A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
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APRESENTAÇÃO<br />
No plano internacional, a <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> como opção para a geração de eletricidade está voltando a ganhar espaço.<br />
Os Estados Unidos, que não constrói um novo reator <strong>nuclear</strong> a mais de vinte anos, está agora procurando<br />
retomar o seu programa <strong>nuclear</strong> através da criação de incentivos fiscais e simplificação do licenciamento ambiental de<br />
novos reatores. A Inglaterra está agora discutindo a retomada do seu programa <strong>nuclear</strong>. A Finlândia é o primeiro país<br />
da Europa ocidental a iniciar a construção de uma nova usina <strong>nuclear</strong>, a partir de tecnologia desenvolvida pela <strong>em</strong>presa<br />
franco-al<strong>em</strong>ã Framatome ANP para o Reator Europeu de Água Pressurizada-EPR, cuja concepção procura evitar as<br />
conseqüências de um derretimento de núcleo por via de uma unidade sofisticada de contenção.<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se assiste a esta corrida para novos reatores, os construtores das antigas usinas<br />
<strong>nuclear</strong>es, <strong>em</strong> articulação com as <strong>em</strong>presas operadoras, buscam estender as licenças de operação, inicialmente estabelecidas<br />
considerando a vida útil de 30 anos, para 40 ou, <strong>em</strong> alguns casos, 60 anos.<br />
Ainda, <strong>em</strong> países como a Coréia, China, Índia e Irã, os programas de construção de novos reatores ganharam<br />
maior vigor. Por seu turno, na América Latina, os programas <strong>nuclear</strong>es estão momentaneamente paralisados, mas sob<br />
intensa pressão para sua retomada. É o caso dos projetos de Atucha II na Argentina, e Angra III no Brasil.<br />
Em realidade, este processo de “renascimento” da <strong>energia</strong> <strong>nuclear</strong> está encontrando dois importantes apoios.<br />
O primeiro v<strong>em</strong> das indústrias fabricantes de reatores e equipamentos auxiliares, cujo interesse está relacionado<br />
com a ampliação do mercado, que permaneceu durante muito t<strong>em</strong>po estagnado. Estas indústrias são al<strong>em</strong>ãs, inglesas,<br />
francesas e americanas, que exerc<strong>em</strong> uma pressão vigorosa não somente nos seus próprios países, como também<br />
nos países do 3º. Mundo, através da articulação de poderosos lobbies. Via de regra, estes lobbies encontram <strong>em</strong> cada<br />
um destes países um apoio de cunho nacionalista, muitas vezes impregnado de uma forte conotação militar. Nos países<br />
da América Latina como a Argentina, o Brasil, o México, e mais recent<strong>em</strong>ente a Venezuela, esta é a principal marca<br />
dos movimentos de pressão pró-<strong>nuclear</strong>.<br />
O segundo se apropria de forma oportunística da questão ambiental, <strong>em</strong> torno do aquecimento global determinado<br />
pela queima dos combustíveis fósseis para geração de eletricidade, decorrente das <strong>em</strong>issões de dióxido de carbono.<br />
O fato é que cerca 85% da matriz energética mundial utiliza o petróleo, o carvão mineral e o gás natural. Nesse<br />
sentido, o combustível <strong>nuclear</strong>, que não <strong>em</strong>ite gases de efeito-estufa, seria uma alternativa ambientalmente adequada<br />
para substituir os combustíveis fósseis na produção de eletricidade.<br />
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