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A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP

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Conforme reportag<strong>em</strong> publicada no jornal Correio Braziliense (25/09/2005), o ex-ministro Roberto<br />

Amaral disse que ao nomear Rex Nazaré Alves para a Comissão Deliberativa desconhecia o envolvimento do escolhido<br />

com as contas secretas. “Só estou sabendo disso agora”, afirmou Amaral. Alves, que também é professor<br />

do Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro, não quer falar sobre o Programa Nuclear Paralelo n<strong>em</strong><br />

sobre as acusações de ligação com contas secretas e roubo de documentos. “Aquilo que eu tinha que fazer, eu fiz<br />

na época <strong>em</strong> que tinha funções na Cnen”, afirma. “Havia assuntos sigilosos, e há uma lei que protege esse tipo<br />

de assunto.”<br />

A Cnen é o órgão responsável pela fiscalização e produção <strong>nuclear</strong> no país. A Comissão Deliberativa t<strong>em</strong> o poder<br />

de aprovar ou rejeitar decisões da Cnen e cuida dos investimentos do Fundo Nacional de Energia Nuclear. O colegiado<br />

é composto por cinco m<strong>em</strong>bros, dos quais quatro são da própria Cnen e um pode ser de fora, o que dá a essa vaga<br />

a característica que dentro da área <strong>nuclear</strong> é definida como de representante da sociedade. É uma função importante,<br />

já que é o único olhar externo à Cnen.<br />

O órgão é subordinado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e cuida de instalações que vão desde aparelhos<br />

de clínicas de tratamento de câncer até as usinas de Angra 1 e Angra 2. A relação entre as funções produtivas e<br />

fiscalizatórias é tão forte que a Cnen é oficialmente proprietária das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que faz<br />

a exploração de urânio <strong>em</strong> Caetité, produz pastilhas de combustível para as duas usinas <strong>nuclear</strong>es e está começando<br />

o processo de enriquecimento de urânio <strong>em</strong> Resende (RJ). O presidente da Cnen é também presidente do conselho<br />

de administração da INB. Na teoria, a Cnen fiscaliza uma <strong>em</strong>presa subordinada a ela. Na prática, a situação<br />

ainda é mais grave, porque a INB, com orçamento próprio e maior poder econômico, t<strong>em</strong> força de influenciar nas<br />

decisões da Cnen.<br />

O atual presidente da Cnen, Odair Dias Gonçalves, que integrou o grupo responsável pela transição para o atual<br />

governo, diz que há um consenso hoje sobre a necessidade de separar as áreas de fiscalização e controle da parte de<br />

produção <strong>nuclear</strong>. Só acha que não há pressa. “Existe um risco de separar tudo de maneira int<strong>em</strong>pestiva”, afirma. O<br />

adjetivo soa estranho para uma discussão que se arrasta por 20 anos. O deputado Edson Duarte (PV-BA), que coordena<br />

na Câmara uma equipe responsável por propor mudanças na política <strong>nuclear</strong>, discorda de Gonçalves e prepara<br />

um projeto de lei para separar as funções da Cnen. “A área <strong>nuclear</strong> concentra atividades nas quais não pode haver<br />

erro”, afirma. “Não é ético a Cnen se autofiscalizar.”<br />

Outro probl<strong>em</strong>a grave que se arrasta há décadas na Cnen é a falta de poder efetivo de coerção dos fiscais do<br />

órgão. Seus fiscais não pod<strong>em</strong> mandar fechar uma instalação <strong>nuclear</strong>. Se limitam a fazer relatórios que pod<strong>em</strong> ou não<br />

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