A energia nuclear em debate A energia nuclear em debate - IEE/USP
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Parece certo que nenhum dos 443 reatores <strong>em</strong> funcionamento no final de<br />
2005 poderia resistir um choque deliberado de um grande jato com os tanques repletos<br />
de combustível. As próprias operadoras confirmaram isto unanim<strong>em</strong>ente, pouco<br />
depois dos atentados <strong>em</strong> Nova Iorque e Washington. Sua pronta confissão, no entanto,<br />
ocultava um interesse tático. A intenção era sair de encontro a qualquer <strong>debate</strong><br />
sobre unidades <strong>nuclear</strong>es mais velhas e particularmente vulneráveis, sobre as quais<br />
poderia haver pressão pública pelo fechamento. Enquanto isso, porém, estudos científicos<br />
confirmavam as primeiras declarações dos administradores. Muitas usinas<br />
<strong>nuclear</strong>es <strong>em</strong> países ocidentais industrializados foram projetados considerando a possibilidade<br />
aleatória de quedas de aviões pequenos ou militares. Alguns cenários de<br />
planejamento inclusive levavam <strong>em</strong> conta atentados terroristas que usariam<br />
lançadores de mísseis antitanque, howitzers ou outras armas. A queda aleatória de<br />
um jato de passageiros cheio de combustível era considerada tão improvável, porém,<br />
que nenhum país impl<strong>em</strong>entou contramedida alguma para este cenário. A idéia de um<br />
atentado deliberado no qual uma <strong>em</strong>barcação de passageiros se transforma <strong>em</strong> míssil<br />
simplesmente superava a capacidade de imaginação dos engenheiros de reatores.<br />
Logo depois dos ataques nos EUA, a Gesellschaft für Anlagen- und<br />
Reaktorsicherheit (GRS), uma associação sediada <strong>em</strong> Colônia, Al<strong>em</strong>anha, preocupada<br />
com a segurança dos reatores e de outras unidades <strong>nuclear</strong>es, lançou um estudo<br />
abrangente sobre a vulnerabilidade das usinas <strong>nuclear</strong>es al<strong>em</strong>ãs, frente a atentados<br />
aéreos. Contratado pelo governo al<strong>em</strong>ão, o estudo examinou não apenas a força<br />
estrutural de usinas típicas. Usando um simulador de vôo na Universidade Técnica <strong>em</strong><br />
Berlim, meia dúzia de pilotos se chocaram milhares de vezes a diferentes velocidades,<br />
<strong>em</strong> diferentes pontos e a variados ângulos de impacto contra usinas al<strong>em</strong>ãs de <strong>energia</strong><br />
<strong>nuclear</strong>, vistas <strong>em</strong> vídeos detalhados desde a cabine do simulador. Os pilotos dos<br />
testes, como os terroristas <strong>em</strong> Nova Iorque e Washington, haviam pilotado anteriormente<br />
apenas pequenos aviões a hélice. Mesmo assim, aproximadamente metade dos<br />
atentados kamikaze simulados atingiram o alvo.<br />
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