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Seminário de Dramaturgia ::<br />

o meu tempo e o meu mundo, e as coisas que me envolviam, e os meus<br />

parceiros de teatro me solicitavam. Eles me solicitavam, me pareceu e<br />

me parece até hoje, uma reflexão sobre a crise. Que crise? Aquela que<br />

deriva do modo como esses grandes textos, que num primeiro momento<br />

me pareciam responder a questões de modo mais objetivo, já não estavam<br />

respondendo à nossa sensibilidade coletiva justamente porque o trabalho<br />

de grupo rearticulou o seu processo de criação, de modo a desierarquizar<br />

as funções internas nos processos colaborativos. Fui colocado num olho<br />

de furacão em que a dramaturgia não era mais o centro das questões,<br />

não era mais o único viés por onde os temas podiam chegar à cena, e<br />

eu me vi como um participante, jogando de igual <strong>para</strong> igual com atores,<br />

com encenadores, com o próprio espectador. Nessa relação, nova <strong>para</strong><br />

mim naquele momento (que hoje já não é nova nem <strong>para</strong> mim nem<br />

<strong>para</strong> ninguém), eu fui percebendo que essa desierarquização refletia um<br />

processo de fundo muito interessante de todo o teatro contemporâneo<br />

que diz respeito à sua dimensão não só poética, mas especialmente ética,<br />

justamente na medida em que o tempo contemporâneo tem solicitado aos<br />

artistas de teatro que sejam muito mais autorais nas suas práticas – não<br />

somente o dramaturgo, também o ator, também o pesquisador da cena.<br />

Ouvindo a Johana falar antes de mim, eu relembro perfeitamente minha<br />

crise a partir da crise daquele grupo, já que eles se colocaram diante de<br />

problemas sem respostas, e que portanto precisavam responder, e portanto<br />

precisavam trabalhar, cada grupo à sua maneira, com a construção dessa<br />

dramaturgia que não tem uma resposta dada, que está em diálogo com<br />

diferentes partículas participativas do ato criador. Portanto, não só com<br />

temas do presente, mas com formas do presente, e principalmente com<br />

relações humanas que são relações humanas do presente.<br />

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Fui colocado, então, num segundo momento, diante dessa coisa que<br />

atualmente se chama “processo colaborativo”, e que se dá de maneiras<br />

diferentes com diversos grupos, e que não é nova: remonta às experiências<br />

dos anos 60, em diversas medidas, não só da criação coletiva, mas de<br />

processos especialmente colaborativos. Digo isso porque acho importante<br />

que a gente tome cuidado no uso dos termos do processo colaborativo<br />

porque, às vezes, ele é capaz de enganar sobre o que é, de fato, <strong>aqui</strong>lo<br />

de que a gente está falando. Quando eu falo do processo colaborativo,

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