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Seminário de Dramaturgia ::<br />

imigrante, que, em 1934, quando foi lançado o livro, ainda não tinha um<br />

peso social e um peso cultural tão evidente, ainda não estava amalgamado<br />

com a nossa cultura. Hoje, já existe uma série de outras raças, com peso<br />

cultural, com influência forte da cultura que tiraram da origem, que foi –<br />

como diz Gilberto Freyre – amolecida nos trópicos pelo negro, pelo índio.<br />

Então, a identidade continua me deixando perplexo. Globalização me<br />

deixou mais perplexo ainda porque, como o professor Flávio Aguiar disse,<br />

são termos excludentes, termos em conflito; globalização, universalismo<br />

e regionalismo. O termo globalização é colocado como se fosse o ápice<br />

da contemporaneidade. Toda a civilização, toda a cultura finalmente<br />

chegou ao conceito da globalização, é o que existe de mais moderno.<br />

E o que é mais moderno é mais verdadeiro? É isso que me foi colocado.<br />

Em contraposição, tudo o que é regional, tudo o que é universal, como<br />

bem disse o professor Flávio Aguiar, seriam coisas ultrapassadas. Ou seja,<br />

nós todos <strong>aqui</strong> estaríamos inseridos em algo pejorativo, num conceito<br />

pejorativo, que é o conceito da tradição. De certa maneira, a globalização<br />

representa claramente uma ruptura muito forte, e a ruptura sempre teve<br />

a idéia, o conceito de valor extremamente positivo, e a tradição, um<br />

valor extremamente negativo, o que sempre nos foi colocado. Vem daí<br />

um pouco da minha perplexidade. Já que a gente tem um mínimo de<br />

conhecimento de outros países europeus, desenvolvidos, orientais, o que<br />

quer que seja, é interessante notar que há um cultivo bastante grande<br />

da tradição, às vezes excessivo. No entanto, a nós, a ruptura é colocada<br />

como conceito modernizador, altamente positivo, em detrimento de todos<br />

os outros conceitos, principalmente o da tradição.<br />

93<br />

O Newton falou de um elemento, de uma palavra, uma coisa muito<br />

legal que eu acho fundamental: o conceito de memória. Se a gente<br />

pensar mais um pouco, a imposição desses conceitos, por exemplo, a<br />

globalização, elimina completamente qualquer possibilidade de memória,<br />

já que ela é ruptura total e completa <strong>para</strong> que você abrace uma série de<br />

valores novos porque são altamente positivos, são valores-ápice de todo<br />

o processo civilizatório, e dentro desses valores, na globalização, não<br />

existe memória. A globalização nos impõe alguns termos completamente<br />

excludentes, com os quais nossa cultura e a gente, como produtor cultural,<br />

deve operar com uma dificuldade muito grande, pois, por mais que a

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