19.04.2014 Views

clique aqui para download - Centro Cultural São Paulo

clique aqui para download - Centro Cultural São Paulo

clique aqui para download - Centro Cultural São Paulo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />

eu me obrigo. É meio masoquista; meu processo é meio masoquista. Mas<br />

a mão, eu escrevo a mão, viu Bortolotto? (risos)<br />

Mário Bortolotto – Eu já imaginava...<br />

72<br />

Samir Yazbek – A mão, a mão, a mão, a mão... Ás vezes, eu tento<br />

ir mais longe, abandonando a palavra escrita. É uma forma de invocar<br />

virtudes necessárias ao desenvolvimento da dramaturgia, estimulando o<br />

pensamento sem necessariamente recorrer à palavra escrita. Tentei fazer<br />

isso com o grupo de pesquisa de dramaturgia da gente, lá do <strong>Centro</strong><br />

da Terra, mas o processo acabou no meio porque acharam muito louco:<br />

escrever uma peça sem escrever. Não sei se dá pra entender. Se a vitalidade<br />

da linguagem está aí, na pujança, na força, na origem de um trabalho,<br />

de uma obra... Muitas vezes, o impulso primitivo está ali, a gente tem<br />

e precisa ficar burilando pra ele ser maior do que a gente teve como<br />

princípio. Teatro é escritura <strong>para</strong> ir pra cena, a palavra é a palavra do<br />

palco, o texto é o texto que o ator vai dizer, não é o texto que eu escrevo.<br />

Então, eu tinha ambição de escrever um texto sem passar pelo papel,<br />

mas é uma loucura que ficou no meio do caminho. O processo a mão<br />

é muito importante <strong>para</strong> mim. Escrever a mão representa um contato<br />

comigo mesmo que, às vezes, não consigo no computador. É quase um<br />

processo mediúnico. Como eu mexo muito, corto muito e mudo muito,<br />

quase sempre nada fica daquele primeiro esboço.<br />

Leonardo Cortez – Quando escrevi a primeira ou a segunda versão<br />

do Escombros, a protagonista se chamava Dolores. Fiquei insatisfeito e<br />

mudei pra Nolinha naquele “substituir”, que efetuou 700 operações. Ainda<br />

bem que existe computador, pois sou absolutamente dependente desse<br />

processo. As peças costumam sempre nascer no âmbito da cabeça, da<br />

imaginação. Penso sobre a história durante meses enquanto estou na rua,<br />

no ônibus, no trânsito. Depois, passa pelo processo do papel, da caneta,<br />

anotações e vai <strong>para</strong> o texto no computador. Mas o Escombros teve oito<br />

ou nove versões, sempre cortando, burilando, trocando cenas de lugar,<br />

coisas que eu não teria paciência de fazer se não fosse no computador,<br />

sem dúvida nenhuma.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!