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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />
12<br />
Jorge Andrade, e casos anteriores, o próprio Martins Pena, França Júnior,<br />
Abílio Pereira, uma tradição centenária da dramaturgia como resultado da<br />
criação de um autor. Posteriormente, esse texto era trabalhado, em geral,<br />
por outro diretor ou encenador (era muito raro o caso de dramaturgoencenador)<br />
que, junto com atores, iluminador, cenógrafo, sonoplasta,<br />
encenava o texto. A marca principal desse sistema de produção era a<br />
existência de duas esferas praticamente incomunicáveis entre si: a<br />
produção e a encenação do texto. Lógico que o texto alimentava o diretor,<br />
alimentava os atores, mas não havia comunicação enquanto produção.<br />
Nos anos 60, essa situação começa a mudar, sobretudo no hemisfério<br />
norte, a partir de experiências de grupos, como o Living Theatre, a Pina<br />
Bausch e o Wuppertal Theatre, e outros, que começam uma nova vivência,<br />
uma nova experiência na criação coletiva da qual nasce o texto e provoca<br />
ecos. No Brasil, o Teatro Oficina e outros grupos; posteriormente, nos anos<br />
70, o Asdrúbal Trouxe o Trombone, o Pod Minoga, o Grupo Mambembe<br />
Ventoforte, entre outros. O que é criação coletiva? Uma experiência na<br />
qual as pessoas envolvidas estão criando concomitantemente o texto e a<br />
encenação. De certo modo, a grande diferença entre essa fase e a anterior<br />
é a ruptura do limite entre as duas esferas de produção: o texto e a<br />
encenação. Com a criação coletiva, esse limite rígido começa a ruir, o<br />
texto se afasta da literatura e vem <strong>para</strong> o palco. A criação coletiva foi<br />
muito importante, principalmente em termos da negociação de sentidos,<br />
do diálogo constante entre texto e encenação, um dialogando e um<br />
criando a partir do outro. Entretanto, acarretou conseqüências. Sem o viés<br />
do que é positivo ou do que é negativo, começa a haver uma dissolução<br />
do texto, da figura do texto e da figura do dramaturgo, pois na criação<br />
coletiva a dramaturgia fica um pouco difusa entre todos os membros do<br />
grupo. Começa a desaparecer a figura da pessoa que tem a vocação da<br />
dramaturgia, que estudou o conhecimento, a técnica da construção de<br />
personagens, do estabelecimento de cenas, todas as características de<br />
materialidade da dramaturgia, da carpintaria teatral do texto bem feito.<br />
Isso foi um pouco quebrado, deixado de lado por uma experiência mais<br />
viva de criação de texto junto à cena. Todavia, no decorrer dos anos,<br />
essa dissolução da dramaturgia leva a uma soberania da encenação. No<br />
final dos anos 70 e início dos 80, o texto começa a servir de apoio <strong>para</strong> a<br />
encenação bem feita, do texto bem feito, com as figuras <strong>para</strong>digmáticas