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144<br />

:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />

(compositor que pensou uma produção de ópera diferenciada da que<br />

havia até então no sentido de aumentar a efetividade do espetáculo da<br />

ópera), a pensar a ópera como ele chamou: obra de arte total. A palavra<br />

em alemão é meio feia, gesamtkunstwerk, que se tornou um conceito<br />

inspirador <strong>para</strong> que alguns homens de teatro do fim do século dezenove<br />

pensassem o teatro não como parte da literatura, mas como arte que tinha<br />

sua especificidade, sua dimensão própria, a arte do espaço, do tempo e<br />

do movimento na apresentação de coisas <strong>para</strong> outros homens. Um desses<br />

teóricos pioneiros foi o Adholphe Appia, suíço que trabalhou diretamente<br />

a partir do Wagner. É a partir da ópera wagneriana que ele vai pensar um<br />

replanejamento, uma nova forma de pensar o espaço e o tempo do teatro,<br />

decisivos <strong>para</strong> toda a cenografia moderna. Um outro é o inglês Gordon<br />

Craig, que vai falar exatamente dessa idéia de arte do movimento, arte<br />

que tem suas próprias leis, que se expressa plasticamente, concretamente,<br />

materialmente. Portanto, quando a gente pensa dramaturgia no sentido que<br />

a Ana nos propõe, dramaturgia híbrida, que já não é a dramaturgia das<br />

palavras, claro que a gente tem uma pedra fundadora porque se trata de<br />

construir textualidades cênicas usando elementos que não são palavras, não<br />

são textos escritos, mas elementos plásticos, formas moduladas que, a partir<br />

de sua organização como linguagem, diante de um público, passam a dizer<br />

coisas tão contundentes quanto as palavras diziam. Recentemente, havia<br />

um espetáculo em São <strong>Paulo</strong>, no Sesc Belenzinho, de um diretor francês<br />

contemporâneo chamado François Tanguy, que se chamava Coda, exemplar<br />

nesse sentido. Era a prova cabal de que a dramaturgia da cena, proposta no<br />

início do século XX, é, hoje, quase moeda corrente no teatro, com platéias<br />

habilitadas <strong>para</strong> a nova leitura. O espetáculo se construía basicamente<br />

em elementos cenográficos. Pena não contarmos com nenhum cenógrafo<br />

na mesa. Tenho uma certa frustração de perceber que os cenógrafos, hoje<br />

muito organizados (em São <strong>Paulo</strong>, existe um movimento de fortalecimento<br />

da cenografia), têm muita dificuldade de se assumir como dramaturgos do<br />

espaço, dramaturgos dessa materialidade. Eles preferem atuar na cena, na<br />

cenografia, quando eu acho legítimo se se pensassem como dramaturgos. É<br />

uma provocação. Gostaria que vocês comentassem a respeito.<br />

Assim, o que minha exposição aponta é que a perspectiva de uma<br />

dramaturgia pensada com amplitude, de produzir direto na cena (não é

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