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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />
(compositor que pensou uma produção de ópera diferenciada da que<br />
havia até então no sentido de aumentar a efetividade do espetáculo da<br />
ópera), a pensar a ópera como ele chamou: obra de arte total. A palavra<br />
em alemão é meio feia, gesamtkunstwerk, que se tornou um conceito<br />
inspirador <strong>para</strong> que alguns homens de teatro do fim do século dezenove<br />
pensassem o teatro não como parte da literatura, mas como arte que tinha<br />
sua especificidade, sua dimensão própria, a arte do espaço, do tempo e<br />
do movimento na apresentação de coisas <strong>para</strong> outros homens. Um desses<br />
teóricos pioneiros foi o Adholphe Appia, suíço que trabalhou diretamente<br />
a partir do Wagner. É a partir da ópera wagneriana que ele vai pensar um<br />
replanejamento, uma nova forma de pensar o espaço e o tempo do teatro,<br />
decisivos <strong>para</strong> toda a cenografia moderna. Um outro é o inglês Gordon<br />
Craig, que vai falar exatamente dessa idéia de arte do movimento, arte<br />
que tem suas próprias leis, que se expressa plasticamente, concretamente,<br />
materialmente. Portanto, quando a gente pensa dramaturgia no sentido que<br />
a Ana nos propõe, dramaturgia híbrida, que já não é a dramaturgia das<br />
palavras, claro que a gente tem uma pedra fundadora porque se trata de<br />
construir textualidades cênicas usando elementos que não são palavras, não<br />
são textos escritos, mas elementos plásticos, formas moduladas que, a partir<br />
de sua organização como linguagem, diante de um público, passam a dizer<br />
coisas tão contundentes quanto as palavras diziam. Recentemente, havia<br />
um espetáculo em São <strong>Paulo</strong>, no Sesc Belenzinho, de um diretor francês<br />
contemporâneo chamado François Tanguy, que se chamava Coda, exemplar<br />
nesse sentido. Era a prova cabal de que a dramaturgia da cena, proposta no<br />
início do século XX, é, hoje, quase moeda corrente no teatro, com platéias<br />
habilitadas <strong>para</strong> a nova leitura. O espetáculo se construía basicamente<br />
em elementos cenográficos. Pena não contarmos com nenhum cenógrafo<br />
na mesa. Tenho uma certa frustração de perceber que os cenógrafos, hoje<br />
muito organizados (em São <strong>Paulo</strong>, existe um movimento de fortalecimento<br />
da cenografia), têm muita dificuldade de se assumir como dramaturgos do<br />
espaço, dramaturgos dessa materialidade. Eles preferem atuar na cena, na<br />
cenografia, quando eu acho legítimo se se pensassem como dramaturgos. É<br />
uma provocação. Gostaria que vocês comentassem a respeito.<br />
Assim, o que minha exposição aponta é que a perspectiva de uma<br />
dramaturgia pensada com amplitude, de produzir direto na cena (não é