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Seminário de Dramaturgia ::<br />
sua obra. É onde a forma e o conteúdo se juntam. A experiência que eu<br />
tenho é ver uma certa fragilidade, <strong>para</strong> não dizer pusilanimidade, <strong>para</strong> não<br />
dizer distensão, de convicções, hoje em dia, no sentido de que é difícil<br />
a afirmação, através de uma obra, de uma visão autoral. Eu acho que é<br />
uma conquista sobretudo da maturidade da gente. Eu mesmo me vejo em<br />
processo, nesse sentido. Há coisas que eu escrevo, às vezes, totalmente<br />
inconscientes. Tem um lado bom, mas tem um lado horrível. Eu já passei<br />
pela experiência fascinante, e ao mesmo tempo amedrontadora, de um<br />
diretor explicar <strong>para</strong> mim o que eu tinha escrito, decifrar mesmo, o que<br />
eu tinha escrito. E tem uma coisa bonita, que é você permitir que as<br />
coisas jorrem de você sem censura, sem o racional, sem pensar na hora de<br />
escrever... Às vezes, realmente é muito difícil ficar se policiando. Acredito<br />
que é possível adquirir a liberdade de criação e essa liberdade chegar a<br />
um status de visão de mundo que se transfere <strong>para</strong> a obra. Existe sua visão<br />
como criador e existe <strong>aqui</strong>lo que a obra específica quer dizer ou pode<br />
dizer. Creio que é possível conciliar essa liberdade com uma consciência<br />
máxima, ou o máximo que você puder, d<strong>aqui</strong>lo que você está fazendo. Não<br />
que você vá ter um controle de quando <strong>aqui</strong>lo chegar <strong>para</strong> o público, aí já<br />
são outros quinhentos, mas você pode pelo menos desejar um determinado<br />
objetivo com <strong>aqui</strong>lo.<br />
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Leonardo Cortez – Tem uma frase do Tchekhov que diz que se você<br />
quer falar sobre a humanidade, você precisa olhar com muito cuidado<br />
<strong>para</strong> o seu próprio quintal. A questão da maturidade vem com o tempo e<br />
faz com que a gente enxergue com cada vez mais clareza o nosso próprio<br />
quintal, num processo de anos e anos. Então, particularmente, enquanto<br />
não consigo olhar com toda a clareza <strong>para</strong> o meu quintal, procuro olhar<br />
com o máximo de clareza <strong>para</strong> mim mesmo, observar e perceber os meus<br />
medos, as minhas aflições, as minhas angústias. Escombros, em cartaz no<br />
<strong>Centro</strong> <strong>Cultural</strong> São <strong>Paulo</strong>, é uma peça que eu escrevi direcionada <strong>para</strong><br />
uma juventude da qual estou deixando de fazer parte porque já estou<br />
com 30. Ao mesmo tempo, tem uma “mensagem” contundente, fruto dos<br />
meus medos, do medo de eu me tornar uma coisa repugnante, que eu<br />
não quero ser. Então, esse olhar <strong>para</strong> dentro de si é um passo. Eu escrevo<br />
comédia. Escrever comédia significa também ter um olhar crítico sobre as<br />
situações ridículas que o ser humano se impõe, as diversas situações em