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Seminário de Dramaturgia ::<br />
conversei na mesa do boteco sobre outros assuntos que não o meu texto.<br />
É só isso. Claro que eu vou reescrever sempre. O Samir faz muito isso, ele<br />
reescreve o tempo inteiro. Toda vez que encontro o Samir, ele reescreveu<br />
cinco páginas do texto dele. Seria legal ouvir o Samir falando sobre o<br />
processo de reescrever.<br />
Samir Yazbek – Eu entendo bem o que o Bortolotto está dizendo<br />
porque tenho uma tendência a encarar muito do que nós estamos vivendo<br />
hoje enquanto processo de discussão em torno da dramaturgia em São<br />
<strong>Paulo</strong> como uma deficiência nossa em saber escrever um bom texto de<br />
teatro. Eu não chegaria ao ponto de generalizar e dizer que todo texto<br />
escrito em processo colaborativo é resultado da deficiência do autor<br />
porque eu acredito que o teatro é democrático, assim como a arte, assim<br />
como a vida... e comporta as mais diversas formas de se fazer um trabalho<br />
e um espetáculo. Porém, me coloco como um apaixonado, um amante da<br />
dramaturgia, e isso há muito tempo. Então, o meu olhar é muito autoral<br />
no sentido de entender o texto teatral como um corpo fechado em si.<br />
Eu lembro bem quando começou, como começou: começa com leitura.<br />
Sempre vi o texto teatral como uma obra de arte; o bom texto teatral<br />
como um quadro, uma música, um filme, e acho que aquele texto tem<br />
um autor, e esse autor se chama dramaturgo. Evidentemente que não sou<br />
bobo de ter fechado os olhos <strong>para</strong> um momento, <strong>para</strong> um período em que<br />
a figura do dramaturgo não estava tão evidenciada assim em São <strong>Paulo</strong> e<br />
no Brasil, e é senso comum dizer que foi a década dos encenadores, entre<br />
os anos 80 e 90, em que nós sentimos que o palco tinha sido invadido<br />
por uma série de experimentações cênicas, vindas de diretores bastante<br />
talentosos e bastante ousados. E o mesmo se poderia dizer a respeito do<br />
trabalho do ator, do intérprete. Durante esses anos todos, eu, por algum<br />
motivo que a gente... não sei se é o caso de tentar destrinchar quando a<br />
gente fala em paixão, quando a gente fala em amor... eu continuei esse<br />
tempo todo muito ligadão no texto.<br />
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Eu tinha como meta ser um bom dramaturgo, um bom autor, e persegui<br />
com muita ênfase e continuo perseguindo. Muitas vezes, me senti e me sinto<br />
despre<strong>para</strong>do <strong>para</strong> o tamanho da minha ambição. Então, toda colaboração<br />
que um texto meu possa receber durante o processo de encenação –