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Seminário de Dramaturgia ::<br />
Do ponto de vista muito concreto da cena em si, o trabalho dos atores<br />
pode contribuir em coisas muito específicas do métier teatral, que alguns<br />
dramaturgos têm muito bem desenvolvido no seu imaginário. Então, é a<br />
velha diferença: texto literário é uma coisa; texto escrito <strong>para</strong> ser dito<br />
é outra; texto escrito <strong>para</strong> ser encenado é ainda outra. Tem gente com<br />
um imaginário cênico, teatral, às vezes até antenado com as novidades,<br />
mais desenvolvido do que em outras pessoas. E gente que precisa de um<br />
contato mais próximo com a cena <strong>para</strong> que o motor seja alimentado.<br />
Não é simples fazer uma leitura do mundo hoje. Para os grandes<br />
autores, <strong>para</strong> esses que eu citei e <strong>para</strong> mais uma série deles, nunca foi<br />
simples. É difícil fazer distinção entre carpintaria teatral e visão de<br />
mundo, processos de maturação de um autor, às vezes muito demorados.<br />
Não é simples, através do teatro, expor, expressar sua visão de mundo,<br />
que dê seu recado dentro de uma linguagem específica que exige, sim,<br />
conhecimento de conceitos e de técnicas. Alguns nascem com elas ou as<br />
desenvolvem rapidamente. Outros precisam aprender mais. Eu me considero<br />
no grupo que precisa aprender, trabalhar e estudar bastante. Vejo muito<br />
teatro e tenho tentado me alimentar desse universo em benefício do que<br />
quero dizer. Às vezes, é muito fácil dizer que ficou mais complicado. Eu<br />
não sei o que é simples. Se você pegar, por exemplo, um autor como o<br />
Nélson Rodrigues, e pensar que ele ficou; se nós imaginarmos quantos não<br />
ficaram pelo caminho pra ele ter ficado... Muita gente ficou pelo caminho.<br />
Muita gente escreveu teatro na época em que ele escrevia, no entanto,<br />
não falamos sobre essa gente. Hoje. Talvez não falemos jamais. Não é tão<br />
simples assim, não foi tão simples assim. Acredito eu que nunca vai ser.<br />
59<br />
Ana Maria Rebouças – Existe um momento na história do teatro em<br />
que a estrutura dramática começa a ser questionada, toda a dramaturgia<br />
construída através do diálogo intersubjetivo, do conflito entre personagem.<br />
O Peter Szondi trata disso na Teoria do Drama Moderno. Começam a se<br />
criar outras formas de desenvolver a dramaturgia com o Brecht, e mesmo<br />
antes, com Tchekhov, Ibsen, que têm grandes falas introspectivas que<br />
não se desenvolvem através desse diálogo que carrega a ação. É nesse<br />
sentido que hoje existe a procura de uma forma nova e uma dificuldade de<br />
entender o mundo porque muitas certezas que durante o século XX foram