19.04.2014 Views

clique aqui para download - Centro Cultural São Paulo

clique aqui para download - Centro Cultural São Paulo

clique aqui para download - Centro Cultural São Paulo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Seminário de Dramaturgia ::<br />

dirigido pelo William Pereira. O Abílio Tavares foi um dos grandes mentores<br />

do projeto; ele reuniu muitas pessoas – o Antônio Araújo, a Lúcia Romano,<br />

o Luciano Chirolli, o Vanderlei Bernardino e muitas outras que estão por aí<br />

espalhadas em vários grupos. Na época, foi considerado um dos primeiros<br />

espetáculos da nova geração. Montado em 87, tinha muito a nossa cara.<br />

Várias pessoas que escreveram disseram isso: Talvez seja um dos primeiros<br />

espetáculos dessa geração sem pai, ou sem pai nem mãe. Leonce e Lena<br />

falava principalmente de um espanto, de um desencanto e de um espanto<br />

mais do que qualquer outra coisa. Apesar de ser um texto do Büchner,<br />

a gente já trabalhava muito com processo colaborativo, não tanto na<br />

elaboração do texto, mas na construção do espetáculo. Quer dizer, um<br />

trabalho baseado nos chamados workshops realizados pelos atores; durante<br />

dois ou três meses, criamos cenas sobre o texto <strong>para</strong> depois chegar ao<br />

texto. Esse processo foi dar, depois, no Woyzeck, texto pelo qual eu tenho<br />

absoluta obsessão, a ponto de ter realizado três montagens diferentes. A<br />

primeira, em 90 ou 91, num projeto de Didática da Encenação na Oficina<br />

<strong>Cultural</strong> Oswald de Andrade, em que uma equipe de jovens profissionais,<br />

todos integrantes da Barca de Dionisos, trabalhava com 60 oficineiros.<br />

Cada profissional tinha um grupo de cinco pessoas. Um iluminador com<br />

mais cinco oficineiros, o diretor com mais cinco, o cenógrafo com mais<br />

cinco... e mais vinte atores, jovens, estudantes na época, como Matheus<br />

Nachtergaele, Roberto Audio e muitos outros. O Tó (Antônio Araújo) foi<br />

o dramaturgista; ele traduziu o Woyzeck e re-trabalhou a articulação das<br />

cenas. Foi um trabalho importante <strong>para</strong> mim porque o Woyzeck é uma<br />

peça escrita pelo Büchner, em 1837, num momento muito próximo do<br />

nosso, um momento de desencanto. Ou seja, ele era um socialista utópico<br />

desencantado, que viveu o refluxo da Revolução Francesa. O momento<br />

em que o ideal “liberdade, igualdade e fraternidade” já tinha naufragado,<br />

tinha já se transformado numa estrutura política muito acachapante, o<br />

momento em que toda a Europa retrocedeu com a restauração da monarquia<br />

francesa. Um momento de violência muito grande – política, econômica<br />

e social. Esse primeiro Woyzeck era um espetáculo que, apesar de ser um<br />

texto do Büchner, falava também da estrutura de trabalho capitalista e<br />

se passava numa grande fábrica. Remontamos em 2002, em duas versões:<br />

uma chamada Woyzeck, o Brasileiro, e Woyzeck, o Desmembrado, e pela<br />

primeira vez eu tive a meu lado um dramaturgo.<br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!