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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />

30<br />

compreender a ação física na perspectiva stanislavskiana, tal como seus<br />

discípulos Toporkov, Gorchakov e Maria Knebel explicaram em seus livros,<br />

você tem uma abordagem da improvisação baseada nas tarefas corporais<br />

gerada pela “relação” entre pessoas. O conceito de ação física se liga, em<br />

Stanislavski, à capacidade de um ator não atuar <strong>para</strong> expressar uma emoção<br />

genérica, mas a uma técnica de entendimento corporal dos objetivos (físico<br />

e subjetivos) e sua concretização na relação com o outro. Cada relação<br />

psicofísica exige um cumprimento de detalhadas tarefas determinadas pela<br />

situação geral dos personagens. Stanislavski inventou isso ao perceber que<br />

a emoção não é controlável, mas sim, a ação física relacional que a gera.<br />

Ora, o improviso em base stanislavskiana, ainda que possa ter outros usos,<br />

serve principalmente a uma psicológica realista do personagem concebido<br />

como indivíduo. Sua ênfase está na intersubjetividade. Quando Grotovski,<br />

e depois seu discípulo Eugenio Barba, conceituam ação física, o fazem em<br />

termos completamente diferentes, ainda que se amparem em Stanislavski,<br />

sobretudo na leitura de Toporkov. É uma outra abordagem de teatro, com<br />

outro interesse poético, em que a ênfase já não é relacional, mas intrasubjetiva<br />

ou performática. Pode ser pulsional, no caso de Grotovski, artista<br />

fascinado pela vibração psicofísica do performer em situação estética,<br />

que o leva a outros níveis de consciência, ou ligada à tensionalidade do<br />

corpo do ator, no caso do Barba, que compõe a cena com base no atrito<br />

de diversas partituras corporais, sonoras, rítmicas, segundo uma técnica<br />

de montagem de partituras interpretativas. Vocês podem me dizer que<br />

são questões muito técnicas da cena que talvez não venham ao caso<br />

<strong>para</strong> um escritor de teatro. Eu diria que a compreensão disso evita muita<br />

energia gasta à toa num processo colaborativo. Em algum nível, o projeto<br />

poético (mais ou menos realista, mais ou menos subjetivo, mais ou menos<br />

performático, etc.) condiciona o trabalho técnico. Ao escrever palavra<br />

<strong>para</strong> gestos criados em improvisos, é preciso considerar o vínculo entre<br />

aquela forma de ação física e o estilo ou forma do texto em relação com<br />

o universo poético do todo. A etapa de geração de material será tanto<br />

mais produtiva quanto maior clareza houver nos critérios de avaliação das<br />

tentativas e dos erros.<br />

Na Companhia do Latão, por exemplo, praticamos uma espécie de<br />

improviso que busca o detalhamento realista da cena com base na sua

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