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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />
pergunta. Estou estudando teatro, não sou atriz, estou começando e tive<br />
uma experiência em uma oficina. A gente montou improvisações livres, ao<br />
gosto de cada um, <strong>para</strong> depois montar o espetáculo. Eram trinta pessoas, e<br />
houve dança, circo, contorcionismo, gente que tinha afinidade com texto...<br />
Eu não tinha nem idéia de que o resultado poderia chegar perto do híbrido,<br />
mas, como a Lúcia disse, existe o problema de entendimento. As pessoas<br />
fazem, mas talvez não saibam o que estão fazendo; ou querem fazer,<br />
mas não conseguem. A gente fez, teve um resultado, mas o trabalho foi<br />
empurrado pelos coordenadores, já que não tínhamos experiência nenhuma.<br />
A gente estava fazendo o que gostava, mas não tinha noção da relação<br />
entre as artes e as linguagens. Minha vivência é pequena, então eu queria<br />
saber se, <strong>para</strong> o principiante, seria melhor estudar teoricamente essas artes<br />
<strong>para</strong> chegar a uma conclusão de produção e formação de espetáculo, ou na<br />
prática mesmo, fazendo, fazendo, fazendo, até o corpo sentir que chegou<br />
na dramaturgia híbrida?<br />
Luiz Fernando Ramos – Eu vou falar da experiência que eu tenho como<br />
professor na USP. De fato, é um problema essa história de dramaturgia<br />
híbrida. Antigamente, quando os alunos iam fazer os seus primeiros<br />
exercícios, era muito mais simples porque eles pegavam uma peça pronta<br />
e ensaiavam. Decoravam, e, por pior que eles fossem, no sentido de que<br />
eles ainda não tinham o corpo pronto, não tinham se formado como atores,<br />
era mais simples transformar <strong>aqui</strong>lo num espetáculo pronto. Agora, todos<br />
os alunos querem fazer sua própria dramaturgia, os atores querem ser<br />
dramaturgos, querem construir sua cena a partir das suas experiências, e fica<br />
mais difícil obter esse resultado, pois você ainda não tem tantos recursos.<br />
É um problema do ensino de teatro hoje. Todas as escolas de teatro vivem<br />
esse problema. Na verdade, o que mudou foram os princípios construtivos.<br />
Continua sendo muito importante, se você quer ser ator, trabalhar o corpo<br />
ao máximo, treinar o que você puder <strong>para</strong> se constituir como signo. Se<br />
você vai fazer uma peça a partir de um texto ou se você vai construir a<br />
partir da sua própria experiência, do seu processo de ensaio, isso tem a<br />
ver mais com a tendência contemporânea que aponta nesse sentido e que<br />
exige, principalmente, uma performance corporal. Quando você só tinha<br />
que decorar um texto, como no século XIX – o teatro que acontecia d<strong>aqui</strong><br />
(do pescoço) pra cima, o teatro da garganta – seu corpo podia ser pouco