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156<br />

:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />

representação de sentidos, mas aliando significantes e significados em<br />

busca de signos. Ele abdicou da metáfora e foi em busca de si mesmo e<br />

fundamentou essa busca na experiência sensorial. O espetáculo circense<br />

chega <strong>para</strong> nós através do olho e da pele. O ouvido, que nos daria a indução<br />

de palavras e palavras carregadas de sentido, não está ausente, de maneira<br />

nenhuma. Pelo contrário, ele até manteve um apresentador, uma figura<br />

muito precisa na formação da história, na formação do circo, na história<br />

do circo, mas essa palavra é muito comedida, e em muitos casos ela é até<br />

ausente.<br />

Por que essa investigação oscilou entre o sublime e o grotesco? Porque<br />

ela dava margem a que, na nossa experiência de espectador, oscilássemos<br />

entre o risco, o medo, o arrepio, o assombro e o relaxamento desse<br />

assombro, características fundamentais das duas categorias, a do sublime<br />

e a do grotesco. Porque ela apresenta o difícil, isto é, ela apresenta<br />

espetacularmente a possibilidade de voar no trapézio; ela apresenta<br />

espetacularmente a quebra da lei da gravidade em diversos aparelhos e<br />

números; ela apresenta espetacularmente a habilidade humana de andar<br />

sobre um fio, a toda a altura. Essa espetacularidade está permeada pela<br />

presença constante do risco. Até do risco de vida. A presença do cinto de<br />

segurança nos espetáculos circenses é algo muito recente. Até a década<br />

de 70, no meio circense, se você fizesse uma apresentação com cinto de<br />

segurança, diziam que você ainda estava aprendendo, não era profissional.<br />

Isso tem mudado porque a segurança do artista é uma realidade que se<br />

impõe.<br />

Enfim, o que eu gostaria de ressaltar é que existe a possibilidade desse<br />

risco e a possibilidade dessa queda. E isso atemoriza a nós, espectadores.<br />

Ao mesmo tempo em que o espetáculo circense joga com o risco, necessita<br />

do risco, faz do risco espetáculo, ele nos devolve, inconscientemente,<br />

a condição de mortais. Nesse aspecto, ele aciona o medo, o risco, o<br />

assombro, que aliás é uma experiência idêntica ao sublime encontrado nos<br />

fenômenos naturais. A investigação filosófica acerca do sublime nasce a<br />

partir dos fenômenos naturais. Diante do tsunami, estamos absolutamente<br />

impotentes, nada podemos fazer. E nós, espectadores, ali na arquibancada,<br />

diante daquele desafio, também nada podemos fazer. Não há nada que eu

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