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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />
representação de sentidos, mas aliando significantes e significados em<br />
busca de signos. Ele abdicou da metáfora e foi em busca de si mesmo e<br />
fundamentou essa busca na experiência sensorial. O espetáculo circense<br />
chega <strong>para</strong> nós através do olho e da pele. O ouvido, que nos daria a indução<br />
de palavras e palavras carregadas de sentido, não está ausente, de maneira<br />
nenhuma. Pelo contrário, ele até manteve um apresentador, uma figura<br />
muito precisa na formação da história, na formação do circo, na história<br />
do circo, mas essa palavra é muito comedida, e em muitos casos ela é até<br />
ausente.<br />
Por que essa investigação oscilou entre o sublime e o grotesco? Porque<br />
ela dava margem a que, na nossa experiência de espectador, oscilássemos<br />
entre o risco, o medo, o arrepio, o assombro e o relaxamento desse<br />
assombro, características fundamentais das duas categorias, a do sublime<br />
e a do grotesco. Porque ela apresenta o difícil, isto é, ela apresenta<br />
espetacularmente a possibilidade de voar no trapézio; ela apresenta<br />
espetacularmente a quebra da lei da gravidade em diversos aparelhos e<br />
números; ela apresenta espetacularmente a habilidade humana de andar<br />
sobre um fio, a toda a altura. Essa espetacularidade está permeada pela<br />
presença constante do risco. Até do risco de vida. A presença do cinto de<br />
segurança nos espetáculos circenses é algo muito recente. Até a década<br />
de 70, no meio circense, se você fizesse uma apresentação com cinto de<br />
segurança, diziam que você ainda estava aprendendo, não era profissional.<br />
Isso tem mudado porque a segurança do artista é uma realidade que se<br />
impõe.<br />
Enfim, o que eu gostaria de ressaltar é que existe a possibilidade desse<br />
risco e a possibilidade dessa queda. E isso atemoriza a nós, espectadores.<br />
Ao mesmo tempo em que o espetáculo circense joga com o risco, necessita<br />
do risco, faz do risco espetáculo, ele nos devolve, inconscientemente,<br />
a condição de mortais. Nesse aspecto, ele aciona o medo, o risco, o<br />
assombro, que aliás é uma experiência idêntica ao sublime encontrado nos<br />
fenômenos naturais. A investigação filosófica acerca do sublime nasce a<br />
partir dos fenômenos naturais. Diante do tsunami, estamos absolutamente<br />
impotentes, nada podemos fazer. E nós, espectadores, ali na arquibancada,<br />
diante daquele desafio, também nada podemos fazer. Não há nada que eu