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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />
18<br />
tendência muito evidente ao compartilhamento das funções criativas no<br />
que chamamos processo colaborativo. É muito interessante perceber como<br />
esse processo já foi devidamente colonizado pelas escolas de teatro, e<br />
em São <strong>Paulo</strong> há muitas, antes mesmo de sabermos direito o que isso<br />
significa. Recebo muitos prospectos de propaganda, sobretudo de escolas<br />
privadas, e vejo que passou a ser incluído na grade programática como<br />
disciplina, quase uma fórmula, se a gente pode assim dizer. Como se<br />
fosse possível reproduzir uma experiência que na verdade é irreproduzível.<br />
N<strong>aqui</strong>lo que eu entendo, o que há de mais valioso ou o que tem sido mais<br />
valioso nessas experiências colaborativas é justamente o fato de cada<br />
organização, cada processo em particular alcançar seus meios <strong>para</strong> chegar<br />
a seus fins.<br />
Esses processos, de modo geral, vêm se diferenciando da criação<br />
coletiva por marcar um pouco mais rigorosamente o papel de cada artista<br />
nas montagens. Apesar disso, um olhar um pouco mais atento percebe<br />
logo que os meios, se em tese se assemelham, na verdade procuram fins<br />
muito diferentes. É assim que, sob uma mesma marca de colaboratividade,<br />
vai ser possível alinhar experiências artísticas tão diferentes quanto a seus<br />
propósitos quanto, por exemplo, os exercícios de naturalismo do <strong>Centro</strong> de<br />
Pesquisa Teatral-CPT na coordenação do Antunes Filho, com dramaturgia<br />
dos próprios atores, em que se experimenta basicamente a afinação<br />
técnica dos intérpretes, ou os projetos de criação do Teatro da Vertigem.<br />
Aqui, o intérprete também tem como tarefa municiar a dramaturgia, mas<br />
eu vejo um movimento bem mais radical de apropriação da matéria bruta<br />
da criação e uma circulação meio selvagem desse material pelas mãos<br />
dos diversos criadores. Nos dois exemplos, ainda que a idéia central seja<br />
a “desdepartamentalização” das funções criativas, os resultados, dados<br />
os propósitos, são bem diversos. No caso do CPT, os exercícios do Prêtà-Porter<br />
revelam uma dramaturgia de ator em que a idéia de naturalismo<br />
acaba por gerar uma série de distensões às vezes em tudo antidramáticas.<br />
Seria muito interessante estudar isso. No caso do Vertigem, a dramaturgia<br />
que resulta dali – e isso depende muito do dramaturgo que assume a<br />
escritura final de cada projeto – tem levado a fábula a se esfacelar em<br />
fragmentos que beiram o performático – pelo menos é o que acontece em<br />
Apocalipse 1.11, texto final do Fernando Bonassi.<br />
Por esses exemplos de colaborativismo na cena atual dá <strong>para</strong> entender