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Seminário de Dramaturgia ::<br />

Isso é uma coisa. Outra é que todas essas teses sobre as formas<br />

dissonantes e multifacetadas do texto contemporâneo podem ganhar<br />

no capítulo brasileiro uma tradução que não vem da teoria do teatro,<br />

mas talvez da economia política, muito adequada <strong>para</strong> o nosso caso.<br />

Nas palavras do sociólogo Francisco de Oliveira, o Brasil atual é uma<br />

espécie de ornitorrinco, animal estranho que não é nem uma coisa nem<br />

outra. Na busca, até <strong>aqui</strong> derrotada, de uma forma social acabada, vão se<br />

experimentando cruzamentos traduzidos em formas estranhas. Ao desvio<br />

e àquilo que Sarrazac chama de oxímoro, sugerido por ele <strong>para</strong> explicar as<br />

incongruências de gêneros, e ao hibridismo formal do texto contemporâneo,<br />

corresponde a realidade da incompletude histórica, mimetizada na forma.<br />

As estranhezas que se criam nesse caminho revelam no campo estético,<br />

deliberadamente ou não, essas falhas e recorrências no campo social.<br />

Eu quero crer que na maioria das vezes não deliberadamente, embora<br />

tenhamos projetos artísticos que realizam esse confronto de maneira<br />

mais direta, como a dramaturgia da Companhia do Latão. São questões<br />

da pesquisa que estou desenvolvendo enquanto acompanho a produção<br />

teatral.<br />

21<br />

Rubens Rewald – Passo a palavra <strong>para</strong> a Flávia Pucci.<br />

Flávia Pucci – Eu quero agradecer esta oportunidade. Vou contar o<br />

processo que aconteceu com meu grupo, que vem de um grupo anterior. É<br />

quase uma bola de neve, um encadeamento, e o resultado é matéria-prima<br />

<strong>para</strong> um novo estudo. Nunca pensei em fazer dramaturgia. Em um primeiro<br />

momento, não era nossa intenção. Inclusive, a idéia do grupo anterior<br />

era uma coisa que me instigava muito, me deixava embevecida... a beleza<br />

ao ver um ator revelar o que o texto calava, se deslocando em cena,<br />

não dizendo nada, mas contando tudo. Às vezes, eu sonhava com esses<br />

momentos... Se a cena fosse de um longo monólogo, eu não prestava<br />

atenção; só conseguia me ligar no cara que passava lá atrás, calado, mas<br />

imbuído de presença cênica, que raros atores conseguem. Minha pesquisa<br />

em dramaturgia surgiu da vontade de entender esse silêncio repleto de<br />

significados. Em determinados momentos, você vê alguém... é um flash<br />

que fica <strong>para</strong> o resto da sua existência e que lhe traz inspiração. Acho<br />

que muitos artistas viveram momentos assim... um filme, o olhar de um

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