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:: Depoimentos - IDART 30 Anos<br />

que o ser humano acaba sendo manipulado: pela imprensa, pela família,<br />

pela propaganda... Isso tudo vai se constituindo num painel de situações<br />

ridículas, em que a pessoa se anula. E a coisa é tão ridícula que acaba<br />

virando comédia. Então, esse percebimento das coisas, esse olhar <strong>para</strong><br />

dentro de si, talvez seja o caminho que eu defendo.<br />

Mário Bortolotto – Eu nunca me preocupei, pelo menos<br />

conscientemente, com a minha visão de mundo quando escrevo, mas,<br />

obviamente, a minha visão de mundo está carimbada em todos os meus<br />

textos. Não tem como fugir disso porque foi sempre muito sincero, sempre<br />

muito verdadeiro o que eu escrevi.<br />

76<br />

Ana Maria Rebouças – Shakespeare iluminou o Renascimento com<br />

suas criações. Harold Bloom escreveu um livro chamado A Invenção do<br />

Humano, que retrata justamente o momento em que o homem sai da Idade<br />

Média e começa a ter uma visão antropocêntrica, de que ele pode agir,<br />

tem essa força como sujeito. É uma visão que o mundo estava vivendo,<br />

a Europa inteira estava vivendo. Aqui, não, o Brasil tinha acabado de ser<br />

descoberto e já veio com a carga do olhar europeu. Brecht tinha outra<br />

visão de mundo porque as linhas que direcionavam o comportamento<br />

humano eram mais claras. O que existe hoje são visões de mundo, cada<br />

dramaturgo tem uma visão particular de mundo...<br />

Samir Yazbek – Ana, desculpe. Eu acho que isso sempre existiu. Uma<br />

coisa curiosa em relação a isso é que houve um período, no século XX, em<br />

que Beckett e Brecht eram contemporâneos. E não tem dois autores mais<br />

antagônicos.<br />

Ana Maria Rebouças – Hoje, ainda mais. Nas artes plásticas, as<br />

tendências se abrem depois do impressionismo; no teatro, acontece a<br />

mesma coisa. Hoje, você tem um público segmentado. O público do Mário<br />

Bortolotto é diferente do público do Teatro da Vertigem, que é diferente<br />

do público da Companhia do Latão. Existe diversidade, o que é muito<br />

salutar na medida em que há universos poéticos diferentes, e cada autor<br />

trabalha de uma forma magnífica esses universos... Esta mesa mesmo<br />

atesta isso, pois cada autor tem linguagem e estética próprias.

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